De visita a Portugal até à passada quarta-feira, José Eduardo dos Santos garantiu resolver o problema dos vistos de entrada em Angola. Além disto, os presidentes dos dois países envolvidos também já trataram de facilitar e desenvolver cooperações económicas entre Angola e Portugal.

Do encontro entre Cavaco Silva e José Eduardo dos Santos resultou a promessa de várias parcerias entre empresas dos dois países. A cooperação entre a Sonangol e a Caixa Geral de Depósitos é um dos resultados visíveis deste encontro luso-angolano.

Para Gervásio Viana, Presidente da Casa de Angola em Lisboa, esta cooperação estratégica é positiva e pode facilitar o enquadramento de imigrantes angolanos em empresas que resultem da parecerias entre Portugal e Angola, o que poderá “trazer mais-valias para a comunidade angolana. E uma dessas mais-valias seria, por exemplo, a integração nessas empresas que vão ser constituídas de quadros angolanos aqui residentes”, como explica ao JPN.

Cooperação económica dominou visita presidencial

A visita de José Eduardo dos Santos já trouxe algumas novidades para os angolanos residentes em Portugal. Além dos investimentos e parcerias estratégias entre empresas dos dois países, foi também prometida a resolução dos problemas com os vistos de entrada múltipla para portugueses interessados em trabalhar em Luanda. Esta representa também uma mais-valia para Angola, que receberá mais trabalhadores no sector empresarial privado. Nesta visita de José Eduardo dos Santos, no poder há 30 anos, foram ainda assinados acordos na área da educação.

Para o presidente da associação cívica, esta sinergia pode ainda estimular o regresso dos angolanos ao país natal. Embora os imigrantes nunca tenham perdido a vontade de voltara falta de estabilidade económica e emprego sólido nunca potenciou o regresso dos angolanos a casa, como refere Gervásio Viana.

Vantagens para os dois países

Para a economista Ana Paula Africano, esta convergência produtiva e económica traz vantagens para Portugal e Angola, países que “complementam-se no que toca a recursos produtivos”, explica . Também os distintos graus de desenvolvimento económico representam para os dois países, uma mais-valia no campo de investimentos

Mas para Ana Paula Africano, o risco político que esta estratégia representa pode ser uma condicionante para os investidores. “A questão da transição política angolana poderá ser um momento crítico no futuro. Não é uma coisa que está já pensada, mas no futuro poderá ser associada a alguma instabilidade, pois não é um sistema político estável como aqueles a que nós estamos habituados na Europa, por exemplo”.

Além do risco político, a professora de Economia Internacional da Faculdade de Economia da UP diz que podem existir outros riscos, sempre associados ao tipo de investimentos que são feitos.