Na alçada da encenadora Luísa Pinto, “Janis e a Tartaruga” não tenciona “ser uma biografia, mas uma viagem à geração de sessenta”, caracterizada pelo encontro entre Janis e os condutores que lhe dão boleia na estrada. O jovem alistado na guerra, o casal infeliz, a drogada, o racista, a universitária, são algumas das personagens-tipo com quem Janis se confronta. Um caminho que o público do Teatro Constantino Nery também pode percorrer desde a passada quarta-feira, dia em que a peça estreou naquela sala de Matosinhos.

O texto foi encomendado a Pedro e Filipe Pinto e escrito propositadamente para a actriz Filomena Cautela. As semelhanças com a cantora e a capacidade de cantar foram motivações na escolha da actriz para o papel. Luísa Pinto considera que “observar e ouvir são duas qualidades essenciais dum bom actor” e que Filomena Cautela “reúne as duas”.

A encenadora salienta a importância da peça na sua carreira e acrescenta que a liberdade criativa “de ver crescer o texto” e poder estreá-lo “sobre as tábuas dum espaço” que dirige “é o casamento perfeito”.

Balanço positivo

Após mais de um ano em obras, o Cine Teatro Constantino Nery reabriu as portas em Novembro do ano passado. Para já, Luís a Pinto, directora artística e encenadora, faz um balanço “positivo” e atribui à polivalência a vitória duma taxa de ocupação de sala de 80% nos últimos cinco meses.

A motivação de evocar Janis Joplin está relacionada com a paixão da encenadora pela música “Woman Left Lonely”. Luísa Pinto considera a cantora a “mulher mais livre” que conheceu.

Público rendido

Ao longo do seu percurso, A temática da peça aborda as preocupações da época: o racismo, a sexualidade, a guerra (a anti-guerra), a busca duma juventude que tenta “encontrar-se a si própria através do excesso e que procurou na diferença um manifesto para a auto-afirmação”. É neste contexto que Filomena Cautela compara a problemática da peça com os dias de hoje: “é cada vez mais importante falar destes temas, dái que esta peça seja contemporânea”.

A estreia da peça terminou com a ovação dum público constituído por personagens do mundo do espectáculo como Carlos Té, Júlio Cardoso, Nuno Carinhas, Paula Guedes e Miguel Ferreira. “Excepcional” foi a palavra utilizada por Júlio Cardoso para caracterizar a exibição. O actor e encenador justifica (o sucesso com a qualidade “do texto, da interpretação, da direcção e da encenação”.