A Federação Portuguesa de Nadadores Salvadores (FEPONS) vai entregar uma série de propostas ao Governo no sentido de “profissionalizar” o sector e “investir na prevenção e na formação” na área de segurança aquática para tentar que casos como o da criança desaparecida na praia da Quebrada, em Matosinhos, deixem de acontecer.

A profissionalização dos nadadores salvadores, “criando estruturas organizacionais como associações” para uma maior “coordenação”; a “vigilância das praias durante o Inverno” e “levar a educação do salvamento aquático às escolas” são as metas principais da FEPONS, diz o director Alexandre Tadeia ao JPN. Estas propostas já “existem há muitos anos”, salienta. “Mas as pessoas só se lembram desta área quando acontecem acidentes e, lamentavelmente, temos (a FEPONS) de aproveitar estas situações para fazer pressão junto do Governo”, refere,

Para Carlos Ferreira, director dos “Delfins” (associação de nadadores salvadores da Póvoa do Varzim), justifica-se a profissionalização do sector e uma vigilância permanente pois “Portugal tem uma boa costa, frequentada por turistas durante todo o ano”. “Entre Março e Novembro, nota-se bastante concentração nas praias de Gaia”, reforça Mercês Ferreira, directora do Departamento de Ambiente e Salubridade Pública da Câmara Municipal de Gaia.

Faltam nadadores salvadores

“Falta vigilância nas praias na época balnear e fora dela”, admite Carlos Ferreira. Mas a verdade é que “há poucos candidatos a nadadores salvadores”, assinala. “Nós (associação “Delfins”) precisamos de mais de 120 nadadores e temos sempre muita dificuldade em chegar a esse número”, exemplifica.

Mercês Ferreira defende a profissionalização do sector como uma medida “indispensável” e propõe até uma nova forma de reinserção social para reclusos: serem nadadores salvadores. A formação é outra das propostas da FEPONS que “devia ser implementada” abrangendo várias entidades: não só escolas, mas também “bombeiros, concessionários das praias” porque “estão no local e podem ser úteis para os salvamentos” e “juntas de freguesia do litoral cujas praias não têm concessionários”.

Apesar de considerar que as pessoas “estão cada vez mais conscientes e educadas”, Carlos Ferreira sublinha a importância do processo de sensibilização. “Através das crianças consegue-se atingir os pais. Se as crianças souberem dos cuidados que devem ter ao frequentar as praias consegue-se minimizar muito os acidentes que acontecem”. A ida a praias “não vigiladas”, que “influencia bastante o número de mortes em Portugal”, é um dos hábitos dos cidadãos a combater, aponta o director da associação “Delfins”.