Desde tempos imemoriais que se comemora o Dia do Pai. No entanto, o dia oficial foi instaurado apenas no século XX, por iniciativa de uma norte-americana que decidiu homenagear o pai, que, após a morte da sua mulher ao dar à luz, criou seis filhos sozinho.

Do passado para a actualidade, Miguel Cunha, piloto, pai de um adolescente de 14 anos, lutou pela custódia do filho durante doze anos. A litigância foi “cerrada”, mas acabou por se resolver fora do campo jurídico, com o passar do tempo e com a escolha do filho em ir viver com o pai.

Para Miguel, ser pai solteiro “é basicamente a mesma coisa que ser mãe solteira. Temos as mesmas obrigações, as mesmas complicações, só que no masculino”. Miguel Cunha é da opinião que os homens são “perfeitamente capazes de criar uma criança” e afirma que não sentiu grandes dificuldades ao criar o seu filho.

Para o piloto, o Dia do Pai sempre teve um grande significado, mas assumiu “um revestimento diferente a partir do momento em que o meu filho veio viver comigo”.

Casos de pais solteiros raramente conhecidos

O caso de Miguel não é único em Portugal. O número de famílias monoparentais no masculino tem aumentado, sendo que, num total de cerca de 310 mil famílias monoparentais, 47 mil são constituídas por um pai e, pelo menos, um filho.

Cláudia Sousa, que em tempos tentou formar uma Associação de Famílias Monoparentais em Portugal, explica que são poucos os pais que lutam pela custódia dos filhos e que, nos casos em que lutam, a tendência judicial é de dar a custódia às mães. “Ainda se pensa como antigamente, (…) que o pai não consegue.”, refere. Cláudia Sousa entende que o que falha em Portugal é uma análise particular, caso a caso, pois o tribunal tende a tomar sempre as mesmas decisões, com as mesmas consequências.

Apesar do crescimento do número de pais “solteiros”, os casos conhecidos são raros.”Os homens não gostam de tornar público”o seu caso e a sua situação, admite Cláudia Sousa. “Acham que conseguem resolver os problemas todos, que não precisam de ajuda”, afirma.

Conhecidos ou não, o importante nestes casos é a salvaguarda da criança, pois “estamos a falar de crianças, não de pais”, como afirma Cláudia Sousa.”Os pais têm de resolver a sua situação matrimonial, para depois resolverem a sua situação parental, e distinguir uma coisa da outra”, para que a criança não sofra com a separação.

A opinião é partilhada por Miguel Cunha que salienta que “não há uma separação real entre adultos com filhos”.