O preço médio da água em Portugal deveria subir para, assim, ser ajustado ao preço real. É esta a premissa defendida pelo director da divisão de água e protecção ambiental do Banco Europeu de Investimento, Luís Veiga Fernandes. Em entrevista à agência Lusa, o responsável sublinhou que o preço da água se encontra “muito abaixo do seu valor real” e, como tal, deve subir.

Para a engenheira química da DECO, Sílvia Menezes, esta situação só se manifesta em alguns pontos do país, em que, realmente, a água terá custos acima do seu custo real. Mas nesses casos exige-se, sim, uma maior supervisão e controlo.

“Será necessário rever todo o tarifário dos preços da água para que todos os consumidores saibam o que estão a pagar, por que serviços e que o estão a fazer de forma homogénea para todo o país”, salienta.

Também Francisco Ferreira, da Quercus, realça as acentuadas assimetrias existentes entre os preços praticados nas várias zonas do país. No entanto, o dirigente defende que o preço da água devia ser mais baixo, uniforme e pago de acordo com as características de cada família.

“Temos água mas cada vez de menor qualidade”

Na opinião de Sílvia Menezes deveria-se atentar, não ao valor monetário da água, mas a outras questões, como a progressiva saturação e contaminação dos sistemas de água.

“Temos água mas cada vez de menor qualidade, o que conduz a um tratamento cada vez mais moroso e custoso”, afirma Silva Menezes, alertando para os custos de obtenção de água com qualidade.

Para a responsável, o problema reside, sim, numa má gestão dos recursos naturais. “Consumir menos água não é consumir com menos conforto, mas sim, consumi-la de um modo mais eficiente”, salienta.