Mário Abreu Lima, porta-voz do Movimento Pró-Douro, desistiu da corrida à direcção da Casa do Douro. A decisão foi revelada hoje em conferência de imprensa.

“Aquilo que fez transbordar o copo foi o ter conhecimento somente ontem que no dia de anteontem à tarde tinha sido apresentada uma petição à Assembleia da República para analisar a situação do estatuto da Casa do Douro. Por isso achamos que não estavamos a ser considerados e como tal não poderíamos continuar no acto eleitoral”, revelou ao JPN o candidato desistente.

Segundo Mário Lima, este tipo de acção não veio num momento propício. “É um acto de aproveitamento e uma escolha de oportunidade totalmente errada”, revela o porta-voz do Movimento Pró-Douro.

Instituição em crise

A Casa do Douro, Federação Sindical dos Viticultores da Região do Douro, continua a enfrentar graves problemas que estão a afectar toda a região. As dívidas, os atrasos salariais e a falta de apoios aos agricultores e viticultores têm colocado em causa a credibilidade da instituição.

Casa do Douro – Principais dificuldades

Dívida de 48 milhões de euros – De acordo com o ministro da agricultura, Jaime Silva, a Casa do Douro “já foi notificada para pagar 48 milhões de euros de dívida, após o que o Estado recorre ao pagamento coercivo”. No entanto, o presidente da direcção da CD, Manuel António Santos, comprovou que em Fevereiro de 2008 foi enviada uma carta ao Ministério das Finanças com uma proposta para pagamento da dívida. Segundo declarações de Manuel António Santos ao Mensageiro, “o Estado pagou à banca a totalidade da dívida no dia 1 de Janeiro, dando-nos 30 dias para pagar, findos os quais haverá uma acção judicial”. Para liquidar a dívida ao Estado, a Casa do Douro quer pagar com vinho, mas o Governo, por sua vez, quer receber imóveis.

Numa altura em que o rumo da Casa do Douro continua incerto, as eleições podem dar um outro rumo à instituição. Depois de eleito o Conselho Regional da Casa do Douro (órgão deliberativo responsável pela escolha da direcção), num sufrágio marcado por uma abstenção de quase 90%, falta agora decidir quem vai dirigir a “Casa-Mãe” durante quatro anos.

Depois da desistência do candidato Mário Abreu Lima, antigo vice-presidente do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto, Manuel António Santos vai ser reeleito para o cargo que ocupa desde 1999.

O movimento Pró-Douro vai continuar no terreno

“Estou absolutamente convencido que estas eleições vão manter a situação que a Casa do Douro tem vivido até aqui. E foi para alterar essa circunstância que viemos para o terreno como um movimento para tentar alertar as consciências”, declarou o porta-voz do Movimento Pró-Douro ao JPN.

Mário Abreu Lima garante que o movimento por ele encabeçado não vai abandonar todos aqueles que votariam nele. “O movimento vai continuar a estar no terreno, a propor, a agregar e a controlar e verificar as acções desenvolvidas pela direcção. Vamos estar permanentemente atentos. Não vamos permitir que as coisas se façam no acto eleitoral e se esqueçam no resto do mandato”, afirmou Mário Abreu Lima.

O JPN tentou contactar o actual e futuro presidente da Casa do Douro. No entanto, Manuel António Santos não se mostrou disponível.

O acto eleitoral vai decorrer no próximo sábado, dia 21 de março, das 9 às 19 horas por voto directo dos 125 conselheiros do conselho regional da Casa do Douro.