A Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP) é uma das instituições onde se tem registado um aumento na procura de cursos de língua estrangeira, com variante de Espanhol. Rogélio Romeo, professor auxiliar na FLUP e membro do Departamento de Estudos Portugueses e Estudos Românicos, explicou ao JPN que “nas três licenciaturas nas quais o espanhol funciona como elemento estruturador existem à volta de 500 alunos.”

Para além das licenciaturas de Línguas, Literaturas e Culturas, Línguas Aplicadas e Línguas e Relações Internacionais, também “está a haver uma procura bastante grande nos mestrados em Ensino com componente de Espanhol”, salienta.

O professor considera que este aumento está relacionado com o facto de o espanhol “ser uma língua muito próxima da língua portuguesa”. Também uma certa mudança de mentalidades influenciou o processo: “Até há pouco tempo em Portugal desvalorizava-se a língua, havia a ideia que qualquer pessoa sabia falar espanhol se quisesse. Felizmente tem-se vindo a perder essa mentalidade.”

Rogélio Romeo afirmou ainda que outro factor contribuinte para o aumento da procura está relacionado com um “relacionamento comercial” entre os dois países. “Há muitos alunos que vão para Espanha estudar ou pessoas que lá procuram emprego, o que envolve a necessidade de aprender a língua.”

O aumento da procura fez com que o número de docentes na instituição se tornasse mais escasso. “Há claramente um número insuficiente de docentes”, diz. “Há turmas na Faculdade de Letras com 130 alunos inscritos e, nessas condições, é complicado dar aulas, principalmente nos casos de aulas de línguas, em que há a necessidade dos alunos interagirem e se exprimirem.”

Contestação da APPELE

A solução apresentada pelo Ministério de Educação para a resolução deste problema tem vindo a gerar polémica. No concurso de docentes que irá fazer a colocação dos professores até 2013, o Governo vai abrir 220 vagas para o grupo de recrutamento de Espanhol (350), e deu a permissão para titulares de uma qualificação numa língua estrangeira com a variante de Espanhol ou com diploma do Instituto Cervantes se candidatarem.

A Associação Portuguesa de Professores de Espanhol Língua Estrangeira (APPELE), numa nota de imprensa [em PDF] disponível no website, contestou a decisão do Ministério da Educação e diz nunca ter sido consultada a respeito da mesma.

No comunicado, a APPELE explica tratar-se de “uma profunda injustiça” equiparar “colegas com habilitações e percursos de formação qualitativamente muito diferentes” e considera “inaceitável que um docente esteja a leccionar sem garantias de ser suficientemente competente na matéria”.