A primeira fase foi de “diagnóstico”. O passo seguinte é a intervenção. Depois de um processo de brainstorming, que serviu para descortinar “as contradições e os conflitos” assentes no Porto, o “Inner City”, projecto de estudantes da Universidade do Porto (UP) criado para “pensar a cidade”, quer perceber “como podem ser resolvidos os problemas detectados”. A convicção é sublinhada por Pedro Bragança, o líder da iniciativa, que tem como objectivo unir os meios académico, empresarial e cultural, numa lógica de indústrias criativas.

Os “conflitos” – culturais, sociais, económicos, arquitectónicos – do Porto florescem de uma problemática “que se estende a toda a sociedade portuguesa”, refere Pedro Bragança. “Há graves falhas de comunicação entre as várias áreas disciplinares; as linguagens são codificadas”, o que faz com que não haja “cooperação e, sem cooperação, todo o trabalho se perde”, explica o estudante de arquitectura.

A reflexão vai ser estimulada no “Fórum Inner City”, de 17 a 18 de Abril, com a presença de nomes como Elisa Ferreira, João Teixeira Lopes ou Isabel Alves Costa. Aqui pretende-se lançar “propostas e desafios” e “ver bons exemplos, quer em Portugal, quer na Europa”, de modo a “poder desenhar as linhas de futuro dos próximos anos no Porto”, espelhando o potencial do Norte como “região criativa de Portugal”.

A construção deste “substrato teórico para a intervenção” vai guiar o sentido mais prático do workshop, agendado para 24 a 27 de Abril e orientado pelo arquitecto Pedro Bismarck. “No workshop vão ser lançados seis espaços do Porto a seis grupos de estudantes da Universidade – não necessariamente da UP -, de todas as áreas disciplinares possíveis”, começa por dizer Pedro Bragança.

São espaços “com problemas, não só do ponto de vista físico, mas também social, de identidade. Esses grupos vão trabalhar durante quatro dias, de modo a terem uma proposta para apresentar para esse lugar da cidade”, esclarece.

As inscrições para o fórum e para o workshop vão estar abertas a partir desta terça-feira, 31 de Março. Depois da dinamização de ideias, a terceira fase do projecto “Inner City” passa por trabalhar na criação de uma empresa “que contribua para fluidez e inteligibilidade na comunicação entre sectores distintos, como o financeiro e o criativo, com o objectivo de defender o interesse público”.

Concorrer ao ADDICT – Agência para o Desenvolvimento das Indústrias Criativas é também “uma questão a pensar”, revela Pedro Bragança.