Esta quinta-feira à noite, pelas 21h30, o Clube Literário do Porto organiza um leilão de obras de arte cujas receitas revertem a favor da Casa do Conto, residência e espaço artístico que ardeu no incêndio de 6 de Março, apenas 15 dias antes da data de abertura prevista.

A iniciativa de amigos da Casa do Conto vem no seguimento de uma outra acção de solidariedade, nomeadamente, o convívio no restaurante “Góshò” marcado para o dia em que a Casa do Conto devia abrir.

Casa do Conto

A Casa do Conto é um projecto que partiu da recuperação de um edifício da burguesia portuense do século XIX. Joana Couceiro e Alexandra Grande, sócias proprietárias, teriam aberto um hotel de charme no passado dia 21, não fosse o incêndio na Rua da Boavista de dia 6. O edifício precisa agora de obras de escoramento e de recuperação da fachada e cobertura. Joana Couceiro revela ao JPN que a fachada “não aparenta o interior porque por dentro ficou tudo destruído, é um buraco”.

Joana Couceiro, uma das proprietárias da Casa do Conto, contou ao JPN que esse primeiro momento de solidariedade não partiu das proprietárias “mas de um grupo de amigos que também estavam, de certa forma, envolvidos no projecto”, adiado pelo incêndio. O balanço da angariação foi muito positivo “dada a quantidade de pessoas que apareceu e os testemunhos que deram”, algo que a deixou “confiante em relação ao projecto”. O apoio anímico não podia ter vindo em melhor altura: “estávamos num momento difícil e percebemos que o projecto fazia todo o sentido”.

A angariação de fundos de dia 21 transformou-se numa angariação de obras de arte doadas por vários nomes relativamente conhecidos do panorama artístico nacional e que vão agora a leilão. A escolha do local não foi deixada ao acaso. “É um bocadinho o que nós íamos fazer, uma casa antiga recuperada que é uma livraria e um café”, conta Joana. “Procurámos um sítio o mais parecido possível”, conclui.

Entre os artistas representados contam-se obras de Álvaro Siza, Ângelo de Sousa, Souto Moura, Júlio Pomar e Cabrita Reis. Desenhos, serigrafias e fotografias estarão ao alcance da maior oferta.

A Casa do Conto assume-se também como um programa de ocupação do centro histórico através de um processo de recuperação consistente” que valoriza o património “arquitectónico e poético” deste tipo de edifícios. Ao hotel no centro do Porto, o projecto associava um programa cultural que passava por lançamentos de livros, visitas guiadas à cidade, pequenos concertos e uma casa de chá.