A ilha Graciosa acolhe, a partir de Maio, um observatório climático móvel patrocinado pelo Departamento de Energia norte-americano, em parceria com a Universidade dos Açores (UAc).

Até Dezembro de 2010, cientistas do Centro do Clima, Meteorologia e Mudanças Globais (C_CMMG) da UAc vão coordenar a vertente portuguesa do programa internacional “Atmospheric Radiation Measurement” (ARM).

De acordo com o comunicado do Departamento de Energia dos EUA, o observatório vai desenvolver estudos climáticos” de fenómenos que ocorrem em ambientes marinhos”, utilizando para isso um “dispositivo que permitirá medir algumas das propriedades das nuvens baixas”.

“Para previsões exactas do clima, os cientistas precisam de uma melhor compreensão dos factores dinâmicos que controlam o ciclo de vida deste tipo de nuvens”, que se formam em ambientes costeiros em todo o mundo, esclarece o comunicado.

Ao JPN, o director do C_CMMG e coordenador local do observatório, Eduardo Brito de Azevedo, referiu que a ilha Graciosa tem uma “localização ideal” para o estudo do clima, o que explica o facto de, “a par da oceanografia e da vulcanologia”, existir uma “forte componente científica relacionada com a meteorologia e com o clima da bacia atlântica”.

Açores com “extraordinária importância” na compreensão do clima

Localizadas numa zona do Atlântico onde ocorrem fenómenos meteorológicos que influenciam o clima de parte significativa do Hemisfério Norte, as ilhas do arquipélago dos Açores são “procuradas como local privilegiado para o estudo das ciências atmosféricas e do mar desde os finais do século XIX”, explica Brito de Azevedo.

Cento e sete anos depois da inauguração do Serviço Meteorológico dos Açores – o primeiro em Portugal – o arquipélago continua a ser procurado para “projectos de grande dimensão, designadamente no contexto das questões das mudanças climáticas”.

“Até porque será o Atlântico a ditar grande parte da fenomenologia do clima futuro”, remata o docente da UAc.