Uma investigação desenvolvida no Instituto de Medicina Molecular de Lisboa identificou um mecanismo capaz de diminuir a proliferação de um vírus herpes ligado ao aparecimento de tumores malignos. O estudo, que contou com a colaboração de investigadores do Instituto Gulbenkian da Ciência e da Universidade de Cornell, nos Estados Unidos da América, vai ser publicado este mês na revista “The EMBO Journal“.

“Há vários vírus herpes que afectam o Homem”, esclarece João Pedro Simas, um dos investigadores envolvidos na descoberta. “Um desses vírus chama-se Epstein-Barr e infecta cerca de 90% da população mundial”, acrescenta, referindo-se ao vírus sobre o qual incide o estudo.

O “Epstein-Barr“, vírus associado à mononucleose infecciosa (vulgarmente designada de “doença do beijo”) é responsável pela proliferação de células infectadas, causadoras de linfomas. “O que nós demonstrámos foi que, quando há perda de imunidade e as células proliferam, isso só acontece porque há a inactivação de uma proteína celular que se chama NF-KB”, explica João Simas. “A grande conclusão do estudo foi termos descoberto um mecanismo que permite reduzir a proliferação”, declara.

Após quatro anos de investigação, João Simas está confiante em relação às conclusões da pesquisa: “Esta descoberta permite-nos, agora, intervir farmacologicamente, ou seja, há fármacos que conseguem activar a proteína celular e se nós contrariarmos a inibição provocada pelo vírus, talvez consigamos bloquear a proliferação que depois pode levar ao linfoma.”

De acordo com o investigador, o próximo passo é adequar a descoberta ao ser humano, uma vez que os testes foram aplicados apenas ao modelo animal. “O que estamos a planear é colher amostras biológicas de pessoas que sofreram um transplante de medula óssea ou de pessoas infectadas com HIV e tentar aferir se a proteína celular está a ser inactivada pelo vírus Epstein-barr.”