O Ministério da Educação abriu um concurso que vai permitir que a disciplina de Espanhol seja leccionada por professores de outras línguas, desde que tenham o diploma DELE C2, correspondente ao Nível Superior atribuído pelo Instituto Cervantes (IC).

Os docentes que tiverem o diploma passado por aquela instituição espanhola até o fim do ano lectivo 2008/2009, vão assim poder concorrer nas mesmas condições daqueles que têm cursos universitários e profissionalização em Espanhol. Facto que terá feito disparar o número de candidatos ao exame do IC que permite a requerida qualificação.

A verdade é que a decisão está a gerar polémica. “O Diploma DELE Superior não confere o nível C2 do Quadro Comum Europeu de Referência para o Ensino de Línguas”, argumenta Rogelio Ponce de León, professor de Estudos Ibéricos Comparados da Facudlade de Letras da Universidade do Porto (FLUP),

Para a maior parte dos docentes de Espanhol, a decisão do Ministério da Educação é “injusta” porque aumenta a competitividade e o número de inscritos para os exames, mas não favorece um ensino com mais qualidade. “No fundo, estão a equiparar um diploma de uma instituição estrangeira não universitária com os mestrados em Ensino com componente de Espanhol”, aponta Ponce de León. “Acho tudo isto extremamente pernicioso .A situação parece-me escandalosa”, completa o docente

A decisão desagrada, não só aos docentes de Espanhol, mas também a professores de outras línguas. É o caso de Ana Maria Brito, docente do Departamento de Estudos Portugueses e Estudos Românicos da FLUP. “Estou completamente solidária com as tomadas de posição em relação a este assunto, pois sou contra medidas de excepção e considero que a decisão tomada foi errada”, admite.

Em Portugal, o Instituto Cervantes realiza as provas para obtenção do DELE em Maio e em Novembro. Em países como a Espanha, o IC também realiza exames em Agosto.