A Cimeira do G-20 arranca esta quinta-feira, em Londres, com o principal tema a incidir sobre o estado da economia mundial. O encontro, que servirá para as vinte maiores economias do mundo debaterem e lançarem medidas de estímulo económico, reúne grandes expectativas devido à presença de Barack Obama.

O presidente dos Estados Unidos (EUA) marca presença na Cimeira do G-20 ao lado de uma União Europeia (UE) céptica quanto às medidas comuns a todas as nações que Obama quer ver aprovadas. Esse será, de resto, o grande “problema” que o líder norte-americano terá que enfrentar, segundo Marina Costa Lobo. Em declarações ao JPN, a especialista em política internacional considera que as relações crispadas entre os Estados Unidos e a UE podem entravar um eventual entendimento a sair da cimeira já que, afirma, a comunidade europeia é “um gigante económico mas ainda não tem uma unidade política”.

“A bola está mais do lado da UE do que de Barack Obama porque ele já tomou uma série de medidas que vão de encontro às expectativas e desejos do eleitorado europeu e continua muito popular. O problema é que a Europa é um gigante económico mas ainda não tem uma visão estratégica do que pretende”, reconhece a especialista, usando como exemplo as posições assumidas por Nicolas Sarkozy nos últimos dias: “Ele (Sarkozy) está a acentuar a necessidade de uma maior regulação financeira e menor amplitude em medidas fiscais expansivas, que é o programa que tem sido seguido por Barack Obama. Mas mesmo aqui, não há consenso, porque nem todos os países da UE estão de acordo”.

Mário Soares: “Europa deve alinhar com as teses de Barack Obama”

À margem de um seminário na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), Mário Soares revelou, esta quarta-feira, estar “preocupado” com as divergências que assolam a cimeira do G-20, mas expressou confiança e “esperança” na intervenção de Barack Obama. Quanto a medidas concretas que gostaria de ver sair da “cimeira na qual todo o mundo está de olhos postos”, o antigo Primeiro-Ministro e Presidente da República apela à Europa para que “alinhe com os Estados Unidos”

Contudo, Marina Costa Lobo relembra que, caso Obama não consiga recolher o apoio da UE (representada na cimeira pela presidência da união e pelo Banco Central Europeu), pode virar agulhas para outros países do grupo dos vinte. Até porque, esclarece a especialista, “o facto de Hillary Clinton ter feito a sua primeira visita enquanto Secretária de Estado à Ásia não é irrelevante”.

“Barack Obama tem uma perspectiva mais virada para a política externa do que George W. Bush mas é claro que o presidente dos Estados Unidos não vai ficar à espera que a UE se decida. Se não sentir que há uma aliança forte deste lado do Atlântico é natural que tente encontrar outros parceiros em outros pontos do globo onde a sua acção e coordenação seja mais bem-vinda”, avisa Marina Costa Lobo.

As propostas que vão estar em discussão na Cimeira do G-20 centram-se na recuperação económica à escala global com medidas de estímulo económico coordenadas entre todas as nações, o reforço financeiro do Fundo Monetário Internacional (FMI) e uma maior ajuda aos países em vias de desenvolvimento, os mais afectados pela crise. Recorde-se que as nações que fazem parte do G-20 são: África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Rússia, Turquia, Reino Unido, Estados Unidos e União Europeia.