Com a crise económica que Portugal atravessa e com o aumento das dificuldades em obter crédito junto dos bancos, o arrendamento tem-se revelado uma opção cada vez mais praticada pela população portuguesa, com especial destaque para os mais jovens.

Jorge Garcia, director de comunicação do Grupo Era Portugal entende que o arrendamento é a opção certa para quem ainda não tem uma vida estável. “Quem ainda não possui casa própria e tem dúvidas se vai permanecer em dado espaço geográfico ou se prevê alterações a curto ou médio prazo no seu agregado familiar, o melhor é que procure soluções no arrendamento”.

A esta premissa corresponde a atitude dos jovens portugueses que preferem arrendar casa, mesmo sem contrato de aluguer. Inês Fernandes, que vive há três anos no Porto. é um desses casos. A mãe sempre viveu em casas alugadas e, desde que a estudante se mudou para o Porto, já mudou três vezes de casa, sempre em regime de arrendamento e sem contrato.

“Para quem tiver intenções de fixar morada num sítio e constituir lá família, acho que fica mais barato comprar casa, mas nem todas as pessoas têm possibilidades para isso”, destaca a Inês Fernandes. Quanto á opção de arrendar sem contrato, a jovem defende-se: “porque senão a renda fica mais cara, mas por outro lado os recibos são bons porque são um comprovativo em como se pagou a renda”.

A opinião é partilhada por Patrícia Fernandes, que deixou Viana do Castelo há quatro anos para vir morar para o Porto. Pesadas as vantagens do arrendamento sem contrato, a jovem não hesitou. “Por um lado não receber é mau por que não dá para meter em despesas e são 450 euros por mês e dava jeito”, mas por outro lado “o senhorio é que trata de tudo, arranjos de electrodomésticos e assim, e não aumenta a renda”.

Mas há também aqueles que preferem a segurnaça de um contrato assinado. Ana Sá arrenda casa há três anos e apenas mudou de casa uma vez por preferir alugar uma casa com contrato. “Eu disse sempre aos meus proprietários que preferia uma renda mais elevada, mas com recibo passado, porque o que ia pagar a mais na renda ia recebê-lo na bolsa e recebia eu e a minha irmã, portanto cobria-nos o valor a mais”, justifica.

Oferta não acompanha aumento da procura

Do lado das imobiliárias, Jorge Garcia afirma que a quantidade de casas para alugar não aumentou, apenas há mais pessoas interessadas em arrendar uma casa. Para o responsável da Era, “há um aumento da procura, mas não da oferta nem em quantidade, nem em preço”.

Jorge Garcia alerta, por isso, para a estagnação das oferta de arrendamento. Entre “dificuldades de resolução dos processos, elevados encargos com recursos a tribunais, morosidade nos despejos, isto cria um clima de desconfiança em relação à colocação de imóveis a arrendar”, explica.

Com contrato ou sem contrato os jovens portugueses, continuam a preferir arrendar casa, mesmo depois de acabarem os estudos. As razões vão desde da dificuldade em pagar o crédito de uma casa até à dificuldade em se fixarem num lugar para viver.