Pólos, t-shirts e roupa interior fazem parte do vestuário “made in Portugal” envergado, desde 2004, por astronautas e técnicos da Agência Espacial Europeia (ESA) . A produção está a cargo da Lima & Cª, empresa de Famalicão que, em 2006, vestiu Anousheh Ansari, a primeira astronauta turista a ir ao espaço.

“A oportunidade surgiu através da nossa filial em Paris e foi a partir daí que conseguimos trabalhar com eles. Eles candidataram-se, penso que há um concurso público, e assim conseguimos algumas encomendas”, explica Márcia Cortinhas, do Departamento Administrativo da Lima & Cª.

A produção de vestuário para a ESA não é feita com base em critérios específicos. “As peças são normalíssimas. Não há nenhum cuidado em especial a fazer peças para a ESA. Respeito a encomenda, desde os bordados, às cores. Mas não há nenhum tecido especial diferente. Nós não fazemos os fatos espaciais, fazemos os fatos de treino”, explica Márcia Cortinhas.

Outros projectos no espaço

Para além da parceria com a ESA, a Lima & Cª tem participado noutros projectos ligados ao “vestuário espacial”. “A nossa marca chegou ainda a desenhar uma t-shirt, não foi para a ESA mas foi para uma entidade ligada, o Clube dos Astronautas”, revela Márcia Cortinhas.

Longe do espaço, a empresa famalicense tem ainda um protocolo com o exército francês para testar uma máquina que transforma humidade em 250 litros água potável por dia.. A polícia francesa, A.S.V.A, surgiu recentemente como cliente, “tanto na produção de vestuário como na investigação e desenvolvimento de projectos”, declara Márcia Cortinhas.

Aposta na exportação

A empresa de Pousada de Saramagos, em Famalicão, onde trabalham 235 pessoas, dedica-se totalmente à exportação. “O mercado português foi mais ingrato connosco e foi mais fácil vingar no estrangeiro. Mas já trabalhamos para Portugal, simplesmente temos uma estrutura toda montada em Paris que nos dá maior visibilidade na Europa e tem sido mais fácil exportar”, justifica Márcia Cortinhas.

A responsável diz ainda que o facto de se tratar uma empresa familiar e essencialmente exportadora ajuda a fábrica têxtil de Famalicão a fugir à crise. “Para nós não é fácil fechar porque não só as pessoas vão para a rua mas nós também, porque trabalhamos todos cá. Ser exportadora e principalmente ter uma marca própria tem-nos ajudado”, diz.