A partir de agora, os ovos moles de Aveiro fazem parte da lista de produtos alimentares protegidos por legislação comunitária, sendo o primeiro produto português de padaria/confeitaria a adquirir a denominação de Indicação Geográfica Protegida (IGP). Desta forma, a Comissão Europeia (CE) vai activar mecanismos de protecção deste produto regional.

A medida foi acolhida com satisfação por parte de algumas associações regionais do distrito de Aveiro, que consideram ter-se reconhecido a qualidade dos ovos moles aveirenses. Para o presidente da Associação de Produtores de Ovos Moles de Aveiro (APOMA), José Francisco Silva, a entrada para a lista de produtos protegidos acaba por representar uma recompensa pelo “esforço da associação” e que a confiança dos consumidores aumenta face a um produto “genuíno”.

“Depois de dez anos de esforço e dedicação, vimos o nosso esforço e dedicação recompensados com a protecção comunitária dos ovos moles de Aveiro como produto de IGP e o consumidor passa a ver este produto como genuíno, de grande credibilidade e de qualidade controlada”, diz ao JPN.

O que é o IGP?

A Indicação Geográfica Protegida (IGP) abrange produtos originários de uma determinada região ou país, possuindo qualidade, reputação ou outras características que podem ser atribuídas a uma origem geográfica. A sua produção deve ocorrer dentro de uma área geográfica delimitada. No caso dos ovos moles de Aveiro, segundo José Francisco Silva, da APOMA, essa delimitação geográfica estende-se de “Ovar a Mira”, abrangendo ainda “três concelhos da área limite do distrito: Águeda, Albergaria-a-Velha e Sever do Vouga”.

Já Elisabete Rita, da Associação Industrial do Distrito de Aveiro (AIDA), sublinha a “excelência” do produto. A responsável diz que o reconhecimento dos ovos moles de Aveiro por parte da CE ajuda a consolidá-lo num “nicho de mercado muito importante para a economia da região”.

A directora-geral da AIDA reforça ainda a ideia de que o produto não está a ser afectado pela recente crise financeira, assistindo-se, pelo contrário, a um “aumento de procura”. “A actual conjuntura económica não se reflecte na procura. Antes pelo contrário, temos vindo a assistir a um aumento da procura”, refere, acrescentando que “o factor qualidade é um trunfo que todos os profissionais do sector procuram manter”.

Problemática com a ASAE “ultrapassada”

Depois de em finais de 2007, a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) ter imposto medidas de higiene exigentes sobre alguns produtos típicos de algumas regiões, impedindo, em certos casos, a sua confecção, José Francisco Silva considera que esse problema está “ultrapassado”.

“Quando (a ASAE) fala na necessidade de mais higiene na produção, tem a nossa concordância. Agora, quando chega ao ponto de dizer que não se pode usar o tacho de cobre, com isso já não concordamos. Houve regulamentação específica para os produtos tradicionais portugueses, nós fomos ouvidos, há consenso e essa página foi ultrapassada”, conclui o presidente da APOMA.