É precisamente no discreto número 85 da Rua do Breyner, em pleno centro do Porto, que se localiza esta espécie de “academia das artes””: o Breyner 85.
David Fialho é, a par de Rui Pina, um dos mentores de um projecto que começou a ser pensado em 2002. “Eu e o meu sócio, quando mais jovens, tínhamos uma banda, e apercebemo-nos de uma lacuna grave neste mercado da música: não havia salas de ensaio com qualidade e preços acessíveis”, explica David.
Entretanto novas ideias foram surgindo, entre elas, a criação de uma cafetaria, de um estúdio de gravação, de uma galeria de arte e de uma loja de equipamentos musicais. O desenvolvimento de uma editora para encontrar “talentos de relevo no futuro” também está nos planos dos fundadores.
O propósito também é investir noutras áreas artísticas, para além da música. “Quando eu falo em arte, estou aberto a tudo. Também temos um pequeno atelier de dança e, no futuro, queremos ter aulas de expressão dramática”, diz David Fialho.
A casa, centenária, foi anteriormente o albergue das instalações do Instituto Superior de Ciências Empresariais e do Turismo (ISCET), que se encontra agora na rua de Cedofeita. Depois de um ano em obras, ultimam-se agora os detalhes finais da decoração, vincadamente retro, como é visível no café-concerto e na cafetaria.
Os próprios corredores e as paredes das salas funcionam como galeria de arte. David remata: “Acabamos por esticar o orçamento um pouco mais do que o queríamos, mas esta casa, de facto, caiu que nem uma luva nos nossos desígnios pela tipologia arquitectónica”.
Música e solidariedade
O grande motor da academia vai ser a música. “As aulas vão ter essencialmente dois ramos condutores – um virado para o jazz e para o clássico e outro mais voltado para o pop/rock, funk”, acrescenta o responsável. O ensino é assegurado graças a algumas parcerias feitas com entidades britânicas.
Também os concertos vão ser uma aposta importante do Breyner 85. “Às quartas-feiras vamos começar a ter música ao vivo, só que em vez de fazermos como nos fins-de-semana, em que nos pautamos por valores já consagrados, vamos dar hipótese àquelas bandas que estão a começar”. A ideia é “tentar ver como está o panorama, local e regional, e tentar catapultar os valores mais interessantes para o estúdio”, salienta David Fialho.
A academia pretende, não só promover a cultura e reavivar os círculos sociais, mas ter também uma faceta humanitária.
“Queremos abrir espaços específicos para públicos carenciados, nomeadamente da terceira idade, e temos vontade também de encetar um espaço dedicado a crianças de famílias sem possibilidades financeiras”, explica David Fialho, salientando a importância de “propiciar um espaço por um preço simbólico ou mesmo pro bono“.
O Breyner 85 é mais um espaço de incentivo à cultura numa rua em que, aos poucos, se vão fixando cada vez mais pessoas, contrariando a tendência de desertificação da Baixa do Porto. David atesta que “qualquer iniciativa que se prenda com estas actividades culturais, que, no fundo, vão promover a vida social, é boa, não só para reabilitar o tecido cultural, mas também o tecido económico, principalmente numa altura em que o investimento está retraído”.
O espaço vai ser inaugurado dentro das próximas semanas, mas os mais curiosos podem já passar nas instalações do Breyner 85 e conhecer esta academia.