Algumas das principais artérias da Baixa portuense vão passar a estar mais limpas já a partir do próximo mês. O protocolo assinado entre a Associação de Bares da Zona Histórica do Porto (ABZHP) e a Câmara Municipal do Porto (CMP) na quinta-feira propõe a contratação de seis desempregados da freguesia de S. Nicolau para a “varredura manual, lavagem, esvaziamento de papeleiras, remoção de dejectos caninos e reposição de sacos nos dispensadores em todos os arruamentos constantes da área”.

Entre os proprietários dos vários estabelecimentos da Ribeira do Porto, a satisfação é geral. Donos de restaurantes, lojas de artesanato e bares concordam que esta iniciativa pode ser um bom contributo para a revitalização da Ribeira.

Quando interrogada sobre o assunto, Elvira Basília, proprietária da loja “Portosigns”, diz mesmo que “a limpeza das ruas não pode ser boa, pode ser óptima”. Também Esperança, proprietária de uma loja de artesanato, fala sobre o actual estado das principais artérias do centro histórico.
“As ruas estão muito sujas, os cães fazem necessidades e ninguém as limpa e, claro, isso afugenta os clientes”, lamenta.

Ao JPN, Olga Falção, dona do bar “o Falção” , lembra que “há muita gente que tem a ideia de que a ribeira é um sítio muito feio e sujo”. Por isso, “a limpeza é muito boa porque chama mais gente à zona e porque emprega algumas pessoas”.

Pessoas essas que, na opinião de Manuela Azevedo, proprietária de um estabelecimento na Praça do Cubo, “andam aí sem fazer nadinha”. “As miúdas novas recebem o rendimento mínimo e andam aí a gastar o dinheiro onde não devem, é muito bom que as metam a trabalhar a limpar as ruas”, remata.

“Espelho da cidade” mais limpo

O plano de limpeza da zona ribeirinha nasceu de uma proposta da ABZHP, que chegou às mãos do vereador do ambiente, Álvaro Castello-Branco, há cerca de 15 dias. Encarada pela autarquia como uma iniciativa “fantástica”, foi oficializada na quinta-feira, e prevê uma intervenção entre a rua Gustavo Eiffel e a rua da Reboleira.

O projecto propõe que os seis responsáveis pela limpeza e manutenção da zona ribeirinha sejam actuais desempregados, moradores na freguesia de S. Nicolau. Esta selecção tem como principal objectivo “chamar a atenção da vizinhança, para que haja mais civismo, mais limpeza”, explica António Fonseca, presidente da ABZHP.

Segundo o documento assinado pelas duas partes intervenientes, a autarquia fica obrigada a ceder os equipamentos necessários à limpeza e lavagem das ruas, além de transferir, mensalmente, 1500 euros para a ABZHP. Uma quantia destinada “exclusivamente à cobertura de despesas relacionadas” com o acordo.

A ABZHP fica incumbida de contratar os empregados e de avaliar o seu trabalho. Ainda assim, nos dois primeiros meses, os novos trabalhadores serão acompanhados por dois funcionários de limpeza da câmara “que os ajudarão na nova tarefa”.

O recrutamento dos funcionários que vão limpar três vezes ao dia as zonas assinaladas pelo acordo está já a decorrer. Espera-se que, a partir do dia 1 de Maio, aquele que é, nas palavras de António Fonseca, “o espelho da cidade”, esteja mais limpo e agradável.