Os líderes parlamentares dos partidos com representação na Assembleia da República (AR) concordaram, esta terça-feira, em excluir as palavras “autista” e “autismo” do debate político. A iniciativa partiu do deputado do PSD, Luís Carloto Marques, e foi aprovada por unanimidade pelos presidentes ou vice-presidentes das bancadas parlamentares de todos os partidos.

Afirmando que o idioma português é “particularmente rico e diversificado”, o deputado do círculo de Setúbal, defendeu, em carta dirigida a ao presidente da AR, Jaime Gama, que o uso das expressões “autista” e “autismo” deveria ser mantido no “seu contexto próprio e adequado, ou seja, tão-só o da análise dos direitos das crianças e dos jovens com autismo”.

Luís Carloto Marques, deputado do PSD, argumenta que existem “múltiplas expressões para identificar situações onde pontifica a ideia de ‘alheamento de alguns problemas'”. Em declarações ao JPN, o social-democrata defende ainda que o Parlamento se deve apresentar como “instituição exemplar” que não usa “expressões discriminatórias que envolvam cidadãos que são ‘diferentes'”.

A vice-presidente da delegação norte da Associação Portuguesa para as Perturbações do Desenvolvimento e Autismo (APPDA) manifestou-se, por sua vez, “totalmente a favor” da decisão dos líderes parlamentares. Ao JPN, a responsável evidencia que “os deputados não devem usar um termo que seja uma limitação” por se tratar de “uma falta de respeito pela pessoa com autismo”.

“Não é correcto nem aceitável vindo de pessoas com formação como os deputados. Deviam usar outras palavras, dar o exemplo e falar um bom português”, argumenta Ana Maria Gonçalves. A responsável da APPDA-Norte apela, por fim, ao refreio de palavras que remetam para outro tipo de doenças ou limitações como “cego”, “surdo” ou “histérico”.