Segundo um estudo da Marktest, os jornais diários aumentaram as audiências nos primeiros três meses de 2009. Também a rádio apresentou valores satisfatórios, ao registar cerca de 110 mil novos ouvintes.

“Pode dever-se à necessidade que os portugueses têm de conhecer mais informação sobre o mundo que os rodeia, sobre a realidade em que se inserem para formarem a sua opinião e tomarem decisões”, afirma Alfredo Maia, presidente do Sindicato dos Jornalistas.

Dos jornais generalistas pagos, o Jornal de Notícias registou um maior crescimento, com 12,2%, mais 1,4% do que no primeiro trimestre de 2008, seguido pelo Correio da Manhã com 12% da audiência. Entre os jornais desportivos, o Record destaca-se com um aumento mais significativo, ao registar um acréscimo de 8,4% para os 9,6%.

Para Alfredo Maia, a aproximação do processo eleitoral justifica os resultados divulgados pela Marktest. “Vamos ter um ciclo eleitoral que é importante e é natural e desejável que, do ponto de vista da intervenção cívica, os meios de comunicação contribuam para esse processo”, diz.

No panorama da rádio portuguesa, o Grupo Renascença assume a liderança com 26% de Audiência Acumulada de Véspera (percentagem de indivíduos que escutaram uma estação durante um dia, independentemente do tempo despendido). Passando de quarto para sexto lugar nas preferências dos ouvintes, a TSF apresentou a maior queda na audiência, com uma descida de 14,9%. A estação do grupo Controlinveste fecha o trimestre com 4% de audiência.

Queda dos gratuitos dá lugar aos generalistas pagos

A contrariar esta tendência, os jornais gratuitos perderam audiência. Para Suzana Cavaco, professora de Economia dos Media na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, o aumento do consumo dos jornais pode ser um reflexo da situação que o país enfrenta nos últimos tempos.

“Os próprios jornais económicos aumentaram a audiência, o que é interessante porque numa altura em que há menos capacidade de consumo, há uma maior procura de jornais pagos”, declara Suzana Cavaco.

Mas, para a docente da FLUP, o “interessante” é a “queda” dos gratuitos, “que reverte a favor dos pagos”, numa “procura de informação mais cuidada e aprofundada do que nos gratuitos”. “Os gratuitos não oferecem um jornalismo aprofundado como oferecem jornais como o Diário de Notícias e o Público”, salienta.

Os dados divulgados pela Marktest resultam de entrevistas feitas a uma amostra de 5.145 pessoas com mais de 15 anos.