São os programas governamentais que garantem a continuação dos investimentos das empresas em projectos de investigação. Enquanto que o Instituto de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial (INEGI) está cada vez mais dependente das ajudas estatais, o Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores (INESC) começa a não conseguir contornar a crise.

Vales de I&DT são uma solução

Os Vales de Investigação, Desenvolvimento Tecnológico e Inovação podem financiar 75% de um projecto, até um máximo de 25 mil euros. São atribuídos pelo Programa Operacional Factores de Competitividade e destinam-se a projectos apresentados por PME. As empresas podem usar estes vales para pagar o trabalho de investigação ou os serviços de instituições como o INEGI.

Jorge Lino, vice-presidente do INEGI, admite que, desde o final do ano passado, a facturação directa das empresas “tem decrescido significativamente”. Ou seja, apesar de em 2008 o instituto ter batido recordes de facturação, os parceiros do INEGI concorrem, cada vez mais, aos apoios financeiros do Estado (ver caixa) para sustentar projectos de investigação que não conseguem pagar sozinhos.

“As empresas só recorrem à investigação se houver o financiamento por determinadas entidades que as apoiem”, diz Jorge Lino, que aponta para uma tentativa de compensação por parte do Governo ao criar “programas que apoiem as empresas”.

Outras entidades, como o INESC, já sentem a crise. Correia Alves, responsável pelo instituto, defende, no entanto, que a depressão não pode parar o desenvolvimento empresarial. “Quando [a crise] passar, as empresas têm de estar no seu pleno”, adverte.

Ainda assim, o responsável reconhece que é graças a “fortes campanhas de divulgação” que as empresas vão conhecendo os projectos do INESC.

INEGI consegue dar a volta à crise

Ao investir essencialmente nas Pequenas e Médias Empresas (PME), o INEGI tem conseguido fugir à crise. Em 2008, a facturação do instituto bateu recordes e ultrapassou os cinco milhões de euros, resultado do aumento de projectos de investigação tecnológica. Este ano, o número de candidaturas ao apoio da Fundação da Ciência e Tecnologia (FCT) apresentadas pelo INEGI foi o maior de sempre.

O vice-presidente do INEGI mostra-se optimista e acredita que estes números “podem até ser ultrapassados” este ano, principalmente tendo em conta a grande quantidade de projectos que se candidataram a apoios da FCT, o que se vai “reflectir nos valores finais de facturação” do instituto.

Ainda assim, os clientes do INEGI têm mudado. Jorge Lino diz que as grandes empresas parceiras do instituto atravessam dificuldades e que, nestes casos, “a investigação é uma das coisas a serem cortadas”. O vice-presidente do INEGI não fica preocupado, contudo, uma vez que “aparecem novas pequenas empresas, dinâmicas, que sabem que a investigação é fundamental” e que continuam a contribuir para o sucesso da instituição.