Portugal discrimina as jovens mães das classes mais baixas, que “são vistas como um problema social”, ao contrário das adolescentes de classe média que têm o apoio da família. Quem o diz é Laura Fonseca, investigadora da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto, que acrescenta: “Hoje considera-se que a sexualidade deve ser adiada, e parece que os grupos sociais que não a adiam são um problema para a sociedade”.

Durante a apresentação, na passada sexta-feira, de um estudo sobre a sexualidade e gravidez na adolescência, a professora da FPCEUP
disse que “há muitos silêncios nas instituições”. Referiu ainda que, nas escolas, os projectos de educação sexual “vão no sentido da moralização da juventude, de alguma punição e recriminação”.

Para Laura Fonseca “a educação sexual não é apenas prevenção”, pelo que “há que apostar na formação pessoal dos jovens. As relações de poder e de género têm que ser trabalhadas”, diz a professora. “A sociedade ainda acha que são as raparigas que têm de pensar na prevenção”, alerta.

A investigadora da FPCEUP defende que “a gravidez não pode impedir a procura de projectos de autonomia de vida” pelos futuros pais e diz que os adolescentes “estão ávidos de espaços para conversar” e para “aprenderem a cuidar de si”. Reconhece, contudo, que “algumas instituições estão a fazer tentativas muito sérias de aprender a ouvir os jovens”.

O projecto “Sexualidades, Juventudes e Gravidez Adolescente a Noroeste de Portugal” foi apresentado na sexta-feira e ainda não está concluído. Os resultados finais vão ser publicados em livro no próximo ano.