Num período em que prevê o aumento do desemprego, José Sócrates referiu, esta terça-feira à noite, que a defesa do emprego é a grande prioridade do Governo. “Se não tivéssemos as contas públicas em ordem, não era possível implementar nenhum plano de crise. Estamos em condições de combater o desemprego”, defendeu o primeiro-ministro , antes de anunciar “o alargamento do Subsídio Social de desemprego”.

Em entrevista à RTP, Sócrates voltou a defender que uma das soluções para combater o período de forte recessão económica vivido pelo país, passa pela realização de mais investimentos públicos, desde que fundamentados com estudos de custos e benefícios que “deixem todos os intervenientes confortáveis”.

Para além do investimento público, a energia e “a recuperação das escolas e banda larga” são outras das prioridades do Plano do reestruturação económica do Governo. José Sócrates defende que a crise não deve “adiar projectos estruturantes para a economia do país”, como é o caso do TGV, que vai “dar emprego e modernizar o nosso sistema de transportes”.

“Entre mim e o Presidente há uma cooperação institucional que é fundamental”

Relativamente às últimas polémicas por causa do Presidente da República, de quem dizem estar mais afastado do que nunca, Sócrates disse partilhar das preocupações “legítimas” de Cavaco Silva. Face à insistência dos jornalistas, o primeiro-ministro acusou os partidos da oposição de tentarem “manipular o Presidente” que, acredita Sócrates, “não se vai deixar instrumentalizar pela oposição nem envolver-se em manobras políticas.”

Quando falou em “política de recados” referia-se “aos que são incapazes de propor alternativas e de puxar pela energia do país”, esclareceu. “Entre mim e o Presidente há uma cooperação institucional que é fundamental”, reforçou.

Sócrates não quer entrar nas mesmas “campanhas negativas” que a oposição e assumiu luta “contra o pessimismo e a crítica fácil.”

“Não há nenhum membro do governo suspeito ou arguido” no Caso Freeport.

Num debate pouco revelador e em que Sócrates não foi muito além do que já se sabia, o “Caso Freeport” foi o que mais alterou o chefe do Governo. Sócrates disse estar a ser “vítima de perseguição” desde 2004, quando foi eleito Secretário Geral do PS e reafirmou que “nenhum membro do Governo é suspeito ou arguido”.

Críticas à TVI

Confrontado com os processos movidos contra nove jornalistas no âmbito do “Caso Freeport”, José Sócrates afirmou não se tratar de um ataque à liberdade de imprensa mas sim da sua defesa “contra indivíduos que me difamaram”. O primeiro-ministro foi ainda mais longe ao acusar o “Jornal de sexta-feira” da TVI de “caça ao homem” e “perseguição com base no ódio”. Entretanto Manuela Moura Guedes, directora- adjunta da estação, já anunciou que vai processar Sócrates.

Recusando-se a entrar em pormenores – por “respeito à seriedade da investigação” e por não querer participar no “envenenamento do debate político” – o primeiro-ministro realçou que não receia “pôr as mãos no fogo” pelos seus Secretários de Estado da altura. “A versão difundida pela Comunicação Social tem como objectivo denegrir a minha imagem”, acrescentou, reafirmando a legalidade do licenciamento ambiental do Freeport.

Sócrates anunciou, entretanto, que já levantou uma acção judicial contra Charles Smith e outros elementos envolvidos no vídeo divulgado pela TVI (ver caixa), no qual o antigo ministro do Ambiente é acusado de corrupção.

Perante a instabilidade política actual, Sócrates diz estar preparado para “carregar a minha cruz com coragem”, confia no trabalho da justiça portuguesa e não acredita que o “Caso Freeport” lhe retire a maioria absoluta. “Os Portugueses farão juízo como deve ser”, concluiu.