Terminou esta segunda-feira, no Cinema Batalha, a primeira edição do PortoCine, o auto-intitulado “festival internacional de cinema independente do Porto”. Ao longo de cinco dias, foram exibidos onze filmes e várias curtas-metragens. Para além disso, o festival contou com a presença de várias figuras do cinema nacional e internacional, como Nicolau Breyner, São José Julian Richards e Ángel de La Cruz.

Na noite do encerramento, o auditório do Cinema Batalha encheu para a cerimónia de entrega dos prémios do festival. Num ambiente informal, com muitos espectadores de pé e frequentes comentários em voz alta da plateia, o espanhol Ángel de La Cruz recebeu o prémio de carreira Manoel de Oliveira. Já São José Correia foi galardoada como melhor actriz, e Nicolau Breyner ganhou o prémio de melhor realizador português, “o meu primeiro prémio como realizador”, realçou o próprio.

O prémio de melhor filme foi para “Gomorra”, de Matteo Garrone, e o prémio do júri para “Onde Está Osama Bin Laden?”, de Morgan Spurlock.

Também Filipe Melo e Jonathan Richards foram homenageados. Tippi Hedren, a protagonista de filmes como “Os Pássaros” de Alfred Hitchcock, não marcou presença, ao contrário do que fora anunciado pela organização.

O festival encerrou com a ante-estreia nacional de “Fireflies In The Garden”, um filme de Dennis Lee que conta com interpretações de Julia Roberts e Willem Dafoe. Esta foi precedida por “A Má da Fila”, uma curta de Francisco Antunez com São José Correia.

Entre os filmes exibidos ao longo do PortoCine, contaram-se ainda “Os Mortos Andam Depressa”, de Ángel de La Cruz (que inaugurou o festival), “Summer Scars”, de Julian Richards e “Mortadelo e Salomão 2: Missão Salvar A Terra”, de Miguel Bardem.

Futuro do festival “em questão” por falta de apoios

Fazendo um rescaldo do festival antes da sessão de encerramento, Artur Barros Moreira, responsável da organização do festival, afirmou que “tem corrido bem”, apontando principalmente “para as sessões das 21h30, em que tivemos uma média de cinquenta, sessenta e poucos espectadores por sessão”.

A organização admite, contudo, que o festival sofreu com “bastantes problemas de divulgação”, situação justificada com atrasos na entrega dos “apoios da Câmara do Porto”. “Ainda estamos à espera”, notou Barros Moreira, admitindo que a situação “coloca inclusivamente em questão a próxima edição do festival.

Em conversa com o JPN, Artur Barros Moreira explicou que a ideia consistiu em trazer ao Porto uma iniciativa semelhante ao BragaCine, “o primeiro festival de cinema independente do país”, que “já vai na sua quinta edição” e em cuja organização Barros Moreira se encontra também envolvido.

Realizador quer recriar favelas do Rio na Ribeira do Porto

Em conversa com o JPN, o realizador Julian Richards notou que “o Porto tem um festival de cinema fantástico muito estabelecido, mas não tem nada de cinema independente como o IndieLisboa. É isto que acho que o PortoCine poderá vir a ser”.

O realizador, que já trabalhou com nomes como Steven Spielberg e cujo “The Last Horror Movie” foi duplamente premiado no Fantasporto em 2003, falou também de alguns projectos futuros. “Tenho um thriller de gangsters chamado ‘Gringo’, que se passa em Londres e nas favelas de Rio de Janeiro. Estive a visitar a Ribeira do Porto e acho que seria possível reconstruir lá as favelas, portanto podia filmar Rio no Porto.”

“Também estou a trabalhar numa comédia romântica, muito na linha do ‘My Fair Lady’ mas urbano. Gostaria de arranjar a Rhianna e o Martin Sheen para o projecto”, revelou o realizador.