A Comissão Nacional de Avaliação do Tratamento Cirúrgico da Obesidade (CNATCO) chumbou a proposta de comparticipação de despesas cirúrgicas em casos de obesidade apresentada pela Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS).
A CNATCO entende que os valores estipulados para cirurgias de banda gástrica e de bypass são insuficientes por cobrirem apenas a intervenção cirúrgica em si, ou seja, não incluem cuidados pré e pós-operatórios, como exames rotineiros e complicações inesperadas.
O presidente da Associação de Doentes Obesos e Ex-Obesos (ADEXO) de Portugal e membro da CNATCO, Carlos Oliveira, salienta que a proposta da ACSS era “razoável em tudo menos no preço”, pois o valor apresentado significa um “retrocesso de três anos”.
“A ACSS quer que as consultas de preparação e de follow-up durante três anos, incluindo todos os exames necessários no pré e pós-operatório, estejam incluídas num valor de 5600 e 7100 euros”, mas, considera Carlos Oliveira, “assim os hospitais vão parar todos, nenhum vai aceitar este valor”.
O presidente da ADEXO defende que estes valores desencorajam os hospitais a fazer as intervenções cirúrgicas porque não cobrem o valor real das mesmas.
“Não vamos eliminar listas de espera e possivelmente iremos ter hospitais públicos mais pequenos a recusarem fazer tratamento de obesidade”, antecipa Carlos Oliveira. “É uma questão de gestão”, resume. Quanto a futuros desenvolvimentos nesta questão, o presidente da ADEXO é sintético: “Neste momento não faço a mínima ideia”.
O JPN tentou contactar a ACSS, mas não foi possível obter uma reacção em tempo útil.