Foi como percorrer as páginas de um livro em pleno centro do Porto. Virámos na Travessa de Cedofeita e não parámos até chegar à última página de todas as histórias. A “Anita“, “Os Cinco” ou as eternas colecções da Majora, como a “Formiguinha”, são algumas das memórias que podem ser revividas no Dia Mundial do Livro.

Nas prateleiras da “Collectus” acumulam-se as páginas recheadas dos habituais “Era uma vez”, produtos do universo imaginário destes livros que atravessam gerações, que passam de pais para filhos, que preenchem as memórias de coleccionadores como
Carlos Anjos.

Richard Zimler lança livro infantil

“Dança quando chegares ao fim” é o novo livro do escritor de romances históricos, Richard Zimler. Lançada no Dia Mundial do Livro, é a primeira obra que o autor escreve em português, idealizada a partir das suas memórias de infância. “Se as crianças de hoje forem semelhantes ao que eu era vão adorar”, acredita. Depois desta primeira aventura, e se “tiver sucesso”, o escritor revela ao JPN que está disposto a escrever mais livros infantis e a deixar-se “entusiasmar” novamente pelas histórias das crianças.

“Os livros são intemporais porque têm muita força, marcaram muito a forma de pensar das pessoas e ainda hoje contêm histórias adequadas”, diz o coleccinador, ao justificar a sua paixão.

Carlos Anjos não se lembrava que, esta quinta-feira, se comemora o Dia Mundial do Livro, mas não esquece os contos que leu na infância e a importância que tiveram e têm na sua vida. Em casa, guarda todas as colecções da “Majora” que, diz, “foi uma fábrica muito importante em Portugal”.

Na “Collectus” é possível encontrar todo o tipo de artigos de coleccionismo, por isso, há clientes para todos os gostos. São os livros os que trazem mais pessoas ao balcão, garante Íris Aparício, uma das sócias da loja, enquanto folheia as primeiras edições da “Anita”.

“Aparecem muitas pessoas adultas, vêm à procura dos livros que marcaram a sua geração”, explica.

“São livros que deliciam sempre quem os lê”

Saímos da loja com um novo capítulo debaixo do braço. Prosseguimos a descoberta na “Livraria Lumiére”. Na mesma rua, um pouco mais à frente, há mais prateleiras, com mais livros de outros tempos.

Alexandra Ribeiro, proprietária da “Lumiére”, revela que “Os Cinco” “são muito procurados por pessoas com cerca de 30 anos, que compram para os filhos ou então para recordarem”.

Hoje, estas colecções infantis são reeditadas, adquirem novos contornos, novas cores e ilustrações. No entanto, acrescenta Alexandra Ribeiro, “as pessoas gostam de ter os originais porque foram os livros que lhes passaram pelas mãos quando eram pequenas”.

Quando se trabalha tão perto dos livros é impossível não ficar “viciada” neles, garante. “Gosto imenso de livros e colecciono para mim e para a minha filha. Ela já não passa sem livros.” Afinal, “são livros que deliciam sempre quem os lê” e, assim, tenta que a filha adquira uma “melhor maneira de estar na vida”.

“Uma história bem contada” fascina qualquer criança

Deixámos as estantes das livrarias e alfarrabistas de Cedofeita para conversar com Richard Zimler. O escritor, que lança, esta quinta-feira, o seu primeiro livro infantil (ver caixa), acredita que “captar as crianças de agora não é muito diferente do que há 30 anos”, já que “qualquer criança fica fascinada com uma história bem contada, basta uma história cativante”.

Hoje, num mundo em que a literatura infantil é cada vez mais vasta e diversificada, os tradicionais livros infantis tendem a manter-se inalterados e, por isso, sobrevivem ao longo de várias gerações, explica o autor.

Zimler esclarece que histórias como a “Cinderela” “têm qualquer coisa de profundo”, que, por ser “transmitido de uma forma simples, as faz perdurar ao longo do tempo”.