“Deve-se dar a oportunidade ao Porto e à região Norte de serem ‘região-piloto’ num eventual cenário de regionalização”. A opinião é do ex-secretário de Estado do Tesouro, António Nogueira Leite, para quem a região Norte “pode servir de experimentação para, no futuro, ser possível exemplo” na implementação do processo no resto do país.

Convidado, esta quinta-feira, da última conferência do ciclo “Olhares Cruzados Sobre o Porto VI”, o economista confessou-se, contudo, “pragmático” sobre um tema que considera “um pouco romântico”. Nogueira Leite tem “dúvidas” sobre se a regionalização vai ser “a panaceia que vai resolver o problema de algumas regiões”. Para isso, alertou para a situação Porto, que afirma “estar em decadência há muito tempo”.

Nogueira Leite diz ainda que, neste momento, “o país e os agentes políticos não têm a serenidade suficiente para tratar do tema da regionalização”, sustentando que se devem tratar de “outras prioridades”.

Debate “não é prioritário” em tempos de crise

A opinião é partilhada por António Figueiredo, professor da Universidade Católica, que vê o contexto actual como “difícil” para a discussão da regionalização. O docente prefere focar-se no combate às “três crises” que o país enfrenta: “a internacional, a nacional, com todas as repercussões inerentes à internacional, e finalmente, a regional”.

Numa sessão que decorreu no Palácio da Bolsa, António Fiqueiredo não deixou ainda assim de defender o debate em torno da regionalização, desde que o mesmo tenha lugar com “uma dinâmica construtiva e de aprendizagem.”

O professor da Universidade Católica insistiu na questão dos mitos que existem em relação à regionalização, afirmando que estes são “completamente desmontáveis”. Até porque o país, ainda que pequeno, “é muito mais complexo do que parece”.