Durante o período revolucionário que se seguiu ao 25 de Abril, a cidade do Porto e o Norte de Portugal foram “o centro da actividade contra o governo revolucionário”, defende o historiador Manuel Loff. A “radicalização” do processo não agradava a “sectores empresariais da banca, do mundo da indústria e da Igreja Católica”, diz ao JPN.

O investigador explica que, com a demissão de António de Spínola da Presidência da República, a 30 de Setembro de 1974, “uma parte substancial das forças sociais e das elites sociais do Norte” envolve-se em “actividades de tipo conspirativo contra a radicalizalção do processo de construção da democracia em Portugal”.

Loff refere as “cumplicidades” da cidade do Porto com iniciativas como a “Maioria Silenciosa”, de apoio a Spínola, e o 11 de Setembro de 1975. Deste modo, o Porto acolheu “membros da Rede Bombista associados ao Exército de Libertação de Portugal e ao Movimento Democrático para a Libertação de Portugal” que estavam associados aos “processos contra-revolucionários”.

Ainda assim, nas primeiras eleições livres após a “Revolução de Abril”, já em 1975, o Porto, assim como Lisboa, “vota largamente à esquerda”, esclarece Loff. Mas a “grande maioria de quem vota à esquerda vota no Partido Socialista”, deixando o Partido Comunista Português e a extrema-esquerda com uma “representação inferior”.

Para o autor de “O Nosso Século é Fascista!”, “houve duas revoluções, uma no Norte e uma no Sul”. Com andamentos diferentes conforme a latitude, o processo revolucionário no Norte “tem um ritmo muito diferente e, no fundo, o Porto transformar-se-á numa ilha de forte apoio à revolução, do ponto de vista popular, dentro de um Norte fortemente contrário ao processo revolucionário”, ilustra ao JPN.