João Teixeira Lopes, candidato do Bloco de Esquerda à Câmara do Porto, teceu, esta terça-feira, fortes críticas à forma como a Câmara do Porto tem gerido o património cultural da cidade. “Tem sido um tema tratado como periférico quando deveria, na verdade, ser central”, avisou o sociólogo numa sessão de conferência/debate que teve lugar no espaço “Maus Hábitos”.

O problema é que as questões culturais são muitas vezes abordadas como se a cultura não fosse capaz de trazer emprego, inovação e projectar o Porto a nível internacional, uma força de gerar cidadania e integração social”, apontou Teixeira Lopes.

Para isso, o dirigente bloquista propõe a “existência de departamentos activos que formem públicos, em particular aqueles que estão mais afastados da cultura. Isso é uma condição de liberdade, pois só escolhemos aquilo que conhecemos”, completa.

Num debate que teve como mote a situação dos teatros municipais, Teixeira Lopes não poupou a decisão da autarquia por “vender o Rivoli a uma empresa privada que oferece, a preços altos, musicais como único tipo de espectáculo”. Algo que “compromete a pluralidade tanto de espectadores como de expressões artísticas”.

Também participante na sessão, a produtora cultural e conferencista Ada Pereira afirmou que se sentiu “roubada como cidadã quando o Rivoli foi entregue a uma companhia particular. É um profundo desrespeito às regras da concorrência”, notou.

Ao longo das conferências, abordou-se ainda a questão das indústrias criativas, bem como a extensão da Cinemateca para o Porto e as perspectivas de nova realidade cultural para os imigrantes. Pelo meio houve tempo para comparar o apoio financeiro prestado à Fundação de Serralves e à Casa da Música com a ausência de subsídios aos teatros municipais.

“A política cultural deve prezar pela existência de infra-estrutura pública para que haja pluralidade e liberdade de expressão”, sentitenciou, a esse propósito, José Soeiro, deputado do BE.

Apesar das perspectivas distintas, os diversos interveninentes assumiram como ponto convergente a necessidade de “devolver à população o espaço de teatros como o do Rivoli e o do Campo Alegre”. Tudo isto de forma a que possa, então, falar em políticas públicas efectivas”, sentenciou Igor Gandra, actual director artístico do Teatro de Ferro.