Jornalista do “Record”, André Monteiro acredita que “não se pode dizer que não há liberdade de imprensa em Portugal”. Contudo, esta é “muitas vezes condicionada pelo interesse de alguns jornalistas em defenderem as suas posições e as suas carreiras dentro de uma redacção”.

Isso acontece, afirma o jovem, devido a diversos factores que influenciam os jornalistas, que se “auto-censuram”, “seja por causa do grupo ao qual o seu órgão pertence, seja por afinidade profissional ou pessoal com alguém”.

Quanto ao jornalismo desportivo que se faz em Portugal, André Monteiro admite que “as relações de muitos anos” entre jornalistas e clubes e organismos que tutelam actividades desportivas podem levar a alguma promiscuidade. “Não me parece que seja 100% límpido o processo de liberdade de imprensa e parece-me que, em última instância, é dentro do próprio meio que este corte de liberdade se faz”, admite André Monteiro.

Mesmo assim, o jovem jornalista refere que, desde que começou a trabalhar, nunca sentiu “qualquer limitação ao nível da liberdade de imprensa, no sentido em que alguém te proíbe de escrever alguma coisa”.

Já Duarte Monteiro, um dos fundadores do, também, jovem ogolo.net, entende que a liberdade de imprensa é “relativa”, pois é “exagerado falar em liberdade de imprensa”. “Não quero dizer que os jornalistas não têm liberdade para escrever aquilo que querem, mas a verdade é que têm de pensar muito bem naquilo que escrevem”, diz.

“No jornalismo desportivo, esse fenómeno é “muito mais vincado”, reforça Duarte Monteiro Nesse sentido, o jovem diz que “não se pode dizer que há uma censura clara e óbvia, descarada”, mas entende que “há censura subtil”, pois o jornalismo é “um pouco um terreno onde se dá hoje para receber amanhã”.

Para combater esse facto, Duarte Monteiro diz que “é preciso alguma coragem” e que os jornalistas têm de ter a “noção da responsabilidade” bem presente, “mesmo nos momentos mais difíceis”. “Com a liberdade de imprensa tem de haver um enorme sentido de responsabilidade”, conclui.