Os trabalhadores da Oliva temem o pior cenário. Desde segunda-feira, que, devido à quebra de encomendas, a empresa de S. João da Madeira entrou em lay-off (redução do horário de trabalho), afectando 178 funcionários durante seis meses. Com o período de obrigatoriedade legal de garantir postos de trabalho a terminar em Outubro deste ano, os operários receiam que a administração venha a encerrar as portas da empresa metalúrgica.
“Em 2004, mediante o tribunal, eles tinham que dar trabalho durante cinco anos. O prazo acaba precisamente agora em Outubro.Depois desse prazo a empresa fica proprietária de todos os bens da Oliva e já não tem compromissos perante o contrato de venda. Isto está a coincidir demais…”, lamenta José Marques, porta-voz da comissão dos trabalhadores da metalúrgica.
O aumento da quantidade de encomendas é, então, a esperança dos 184 funcionários (178 dos quais entram em redução parcial do horário de trabalho, seis vêem o seu contrato suspenso na íntegra e cinco foram dispensados por reforma antecipada ou falta de renovação contratual).
Adelino Marquês, do Sindicato dos Metalúrgicos, recorda que, na reunião de quinta-feira, a administração garantiu que tem realizado “contactos muito próximos” com os clientes da empresa e que “a diminuição das vendas não tem ligação com a perda de clientes”.
“A direcção garantiu que os clientes mantêm-se. Apenas tem feito menos encomendas porque eles próprios têm menos encomendas. E acreditam que, mais mês, menos mês, vão voltar a fazer encomendas porque vão esgotar os stocks. E aí será possível encerrar o período de lay off”, remata.
Os operários propõem o recurso ao plano governamental de apoio à formação profissional, que permite assegurar a quase totalidade dos salários dos trabalhadores, enquanto que o lay off assegura apenas cerca de 70% da remuneração. Além disso, o porta-voz da comissão relembra que a “formação seria muito positiva, porque há trabalhadores com a 4.ª classe que, com a formação, estariam preparados se a Oliva retomasse o trabalho com grande capacidade”.
Os funcionários que vêm agora o seu horário reduzido criticam, ainda, a não abrangência dos quadros superiores da empresa ao regime de excepção. Adelino Nunes não compreende como é que “14 trabalhadores, que não estão directamente ligados à produção e que têm os mais altos salários da empresas, não tenham sido abrangidos por este regime”.