O surgimento de shopping moderno é quase sempre sinónimo de perda de clientela para muitos centros comerciais antigos. A estes, junta-se a crise e nada volta a ser o que era, naqueles que já viveram tempos áureos. Os lojistas do shopping Brasília e do Centro Comercial Londres contam ao JPN a história de uma crise em comum vivida a partir dos anos 90, com a abertura do Norte Shopping.

“Espectacular! Vinham pessoas de todo o lado, faziam excursões!”. É desta forma que Maria de Lurdes Almeida, comerciante do Brasília, recorda, os tempos aúreos do primeiro centro comercial da Península Ibérica. A lojista lamenta o estado actual do centro que tem “muitas lojas fechadas”. “As pessoas vêem aqui e desanimam”, refere.

Localizado na zona da Boavista, o Brasília, foi ficando vazio, deixando de ser a novidade que fora em tempos com a abertura de novas superfícies comerciais. Com seis pisos, alguns deles quase vazios, o centro comercial perdeu o cinema “Charlot” e o supermercado “Gama”, no último piso.

Como solução para atrair clientes, Maria de Lurdes Almeida sugere que se abra uma Loja do Cidadão no antigo espaço do supermercado. “Atraía muita gente”, constata.

“Ainda estamos cá, saudáveis!”

Das muitas lojas que tem o Brasília, umas ainda resistem e procuram modernizar-se. Outras. porém, têm artigos expostos, mas nunca abrem porque “ninguém está para ter mais despesas com a contratação de empregados”, destaca Paula Lima, lojista.

“O Brasília é muito labiríntico. É preciso que se façam remodelações”, acrescenta a lojista que mantém, há 21 anos, a sua loja de roupa no Brasília. “Bastava vir uma Zara e já resolvia”, sustenta, acerca da falta de público jovem e com poder de compra. “Agora há centros comerciais modernos que fazem e têm tudo”, lamenta a lojista.

“Antes não se sentia a crise económica que estamos a viver”, justifica Palmira Gomes, lojista há dez anos no C.C. Londres. Em dificuldades, o centro comercial, que vivia da exclusividade na Senhora da Hora, viu muitas lojas a ser fechadas depois da abertura do Norte Shopping.. Numa comparação com uma fase má do “Londres”, a lojista elogia a modificação de um espaço que estava “abandonado” e que, actualmente, “está com um visual muito bonito”.

“Temos pessoas que se preocupam com o bem estar do centro comercial e isso tem tido resultados que são benéficos”, acrescenta. Afinal, “ainda estamos cá, saudáveis”, remata Palmira Gomes.