A “população”, os “vários níveis de história”, “a vivência das pessoas” e a “ligação com o rio” são factores que fazem com que a zona da Ribeira seja uma zona diferente de qualquer outra no Porto. As conclusões serviram-se, esta quarta-feira, com palavras e imagens, durante mais uma sessão de “Um outro olhar sobre o espaço público da Ribeira”, promovido pelo Espaço F da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto (FAUP),

De câmara fotográfica digital na mão, os participantes do workshop ouviram os conselhos de Sofia Marques da Silva, professora na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto (FPCEUP). Num diálogo sobre a história, as pessoas e a forma como se olha para a zona histórica do Porto, a psicóloga docente começa por explicar “como é que estes espaços são espaços de sociabilidade”.

Segundo Sofia Marques da Silva, a Ribeira “não é um espaço homogéneo”, mas antes um lugar “dinâmico e emblemático”. É “acima de tudo um lugar híbrido, honesto e desonesto ao mesmo tempo, próximo do Porto e distante ao mesmo tempo”. Dicotomias que são resumidas ao JPN nas palavras de Pedro Leao Neto, arquitecto responsável pela iniciativa: “Estes espaços são uma confluência de vários usos, vários interesses e várias actividades”.

Palavras que foram captadas pela objectiva de Sofia Andrade, participante que após seis anos a estudar fora do Porto, se rendeu às “muitas saudades da cidade”. Ao JPN, relembra a Ribeira dos seus tempos de adolescência que “estava no auge da noite e era onde se marcava o ponto. A Ribeira “sempre foi um ponto mítico”, acrescenta a jovem..

Pelo contrário, Inês Alves nunca conseguiu ausentar-se do Porto pois “sempre” foi “uma apaixonada pela Invicta”. Na Ribeira, o que mais fascina a jovem quase licenciada em arquitectura são “as pessoas que lá moram”. Já o arquitecto Sérgio Barbosa revela um maior interesse pela história de “um local em que sempre existiu a questão da vivência das pessoas”.

“Os espaços que não se vivem, morrem”

Segundo Sérgio Barbosa, as pessoas “deveriam colaborar mais na dinamização” de locais como a Ribeira. Sofia Andrade concorda ao dizer que “se os espaços não se vivem, morrem, tem que haver humano aqui a pisar, tem que haver essa movimentação porque senão as características físicas dos espaços morrem”.

Apesar de tudo, Sofia Marques da Silva acredita numa revitalização de espaços como a Ribeira,” uma vez que se tem verificado uma aproximação das pessoas novamente à cidade”. Para a professora, este fenómeno dá-se porque “as pessoas sentem saudades da cidade do Porto” e “andam à procura de alguma genuidade”, “espaços onde se possam rever”.

A decorrer desde segunda-feira, o workshop “Um outro olhar sobre o espaço público da Ribeira” vai prolongar-se até esta sexta-feira, dia em que os trabalhos – e reflexões – dos participantes serão expostos no Espaço Museu da FAUP.