Numa altura em que a discussão específica sobre as potencialidades da Web perde terreno em relação às reflexões sobre o futuro e os problemas consequentes da utilização da Internet, João Canavilhas, investigador na área do jornalismo online, refere duas preocupações essenciais: o excesso de informação e a segurança online.

“Se antes se pensava que a falta de informação era um problema grave, hoje percebe-se que o excesso é ainda mais complicado”, explica. O docente da Universidade da Beira Interior considera que a gravidade é acrescida para os jornalistas, “pois consome-se muito mais tempo, um bem precioso, na procura de informação fiável”.

Nesse sentido, fala ainda das aplicações que têm como função principal a organização da informação, como as redes sociais, que juntam pessoas com algum denominador comum, os apontadores de blogues ou o Twitter – algumas “tentativas de ajudar os utilizadores neste imenso mar de informação que é a Web”.

Conferência “Investigações em Web Jornalismo”

Está prevista para as 18h00 de esta quinta-feira, nas instalações do Curso de Ciências da Comunicação da Universidade do Porto (UP), uma conferência com João Canavilhas subordinada ao tema “Investigações em Webjornalismo: questões, metodologia e resultados”. A sessão, organizada pelo Mestrado em Ciências da Comunicação e o Centro para as Ciências da Comunicação da UP, realiza-se no Anfiteatro 2.

Outro grande problema, segundo Canavilhas, está relacionado com a segurança online. O investigador explica que “navegar é cada vez menos seguro devido aos vírus, worms, etc” e, por isso, “a insegurança poderá afastar pessoas da Web, pelo que é importante criar sistemas de segurança acessíveis a todos”.

Falta um “modelo de viabilização económica” para o jornalismo online

Para o docente, na área do jornalismo online têm de ser ultrapassados certos obstáculos relacionados com a “falta de um modelo de viabilização económica que permita credibilizar o jornalismo”. Canavilhas esclarece que, “enquanto as empresas não encontrarem forma de ganhar dinheiro com este negócio, os investimentos serão reduzidos, com reflexos óbvios no produto final”.

A publicidade “para já não parece seduzir muito os anunciantes”. Por outro lado, “os utilizadores não estão disponíveis para pagar aquilo que começou por ser gratuito”, daí ser necessário “encontrar uma forma indirecta de financiar o jornalismo na Web”, conclui o investigador, dando como exemplo o “jornalismo para dispositivos móveis – PDA’s, PSPs, etc”.

Apesar disso, Canavilhas diz que “os investimentos têm aumentado e há motivos de esperança”, uma vez que se prevê “que, em 2012, a Internet seja a primeira fonte de informação”.