Ainda mal a noite tinha começado e as apostas já se faziam: Seria Pete Doherty capaz de aguentar de pé o concerto inteiro? Iria aparecer sob o efeito de drogas ou do álcool? Horas depois, a resposta era dada, a solo, por um reinventado (na medida do possível) Peter Doherty, que chegou ao palco do Queimódromo sem os Babyshambles e longe dos tempos conturbados dos Libertines.

Nome improvável num cartaz em que substituiu Eagle Eye Cherrry à última hora, Doherty apostou nas novidades do primeiro álbum a solo – “Grace/Wastelands”, lançado em Março deste ano – para um concerto de pouco mais de uma hora. Tempo suficiente para fazer as tréguas com o muito público que desconhecia o seu trabalho.

Queima do Porto no JPN

Até domingo, dia 10 de Maio, o JPN vai acompanhar os momentos mais emblemáticos da Queima das Fitas do Porto 2009. Das noites no Queimódromo às vibrações do Cortejo, passando pela música do FITA, não percas tudo o que interessa saber sobre a semana mais longa da academia do Porto.

Sem deslumbrar, “acabou por valer a pena”, atiravam vários estudantes à saída do segundo concerto da penúltima noite da Queima das Fitas do Porto 2009.

Por esta altura, já Peter Doherty espalhava bom humor em conversa com os jornalistas. Quando questionado sobre o público português, o músico respondeu: “Eu gosto dos portugueses, são mais altos do que o que costumavam ser!”.

A boa disposição continou quando o cantor britânico começou a ler, em português, o folheto sobre a Queima e percebeu que o nome que constava para o concerto não era o seu, mas sim o de Eagle Eye Cherry. Sobre o motivo que o fez aceitar o convite de actuar na festa académica do Porto, a resposta foi peremptória e servida com um sorriso: “40 mil euros, penso eu”.

Expensive Soul “contra a crise”

Mas se Peter Doherty era uma incógnita junto de grande parte do público presente no Queimódromo, o mesmo não se pode dizer dos Expensive Soul, a banda mais aguardada da noite. Fábio e Cristiana, ambos alunos da FLUP, apostavam num “bom concerto” por parte do grupo de hip hop. Até porque, “no ano passado, deram o melhor concerto da Queima”.

A verdade é que, quando os Expensive Soul subiram ao palco, o Queimódromo fez-se ouvir mais alto. O colectivo de de Leça da Palmeira revelou alguns temas do novo álbum, cujo nome provisório é “Sessenta”. O grupo não deixou de tocar temas como “Brilho”, mas o momento alto do espectáculo foi com a música “Eu não sei”, a relembrar os dez anos de existência da banda.

Demo e New Max apelaram ainda à “liberdade de expressão”, numa música que sensibilizou os estudantes para o combate à crise. Por fazer ficaram as tradicionais questões dos jornalistas, uma vez que o grupo abandonou a conferência de Imprensa devido a alguns comentários tecidos por um jornalista.

Um momento menos positivo numa noite em que os estudantes do Porto fizeram a vénia aos Expensive Soul. “O facto de serem do Porto é outro espírito”, diz Luís, aluno de Engenharia Civil do ISEP.

Apesar de terem gostado dos espectáculos [Vídeo], os estudantes não esqueceram o desejo de ver Eagle Eye Cherry. Gonçalo e Sofia, ambos do ISMAI, foram ver “aquela banda que não vem”. Já tinham os bilhetes comprados e acabaram por vir “pela diversão”.

Sobre os melhores concertos do ano, Pedro Abrunhosa tende a ser o nome mais citado pelos estudantes ouvidos pelo JPN. Ainda assim, e pelo menos para Luís Sobral, estudante da FEUP, o “rei” da festa foi emesmo Quim Barreiros.

Já Ana Cristina, de Gestão de Empresas da Universidade Católica, preferiu o concerto de Rita Redshoes. A trabalhar numa das muitas barraquinhas que povoam o recinto, a jovem diz não sentir a crise a rondar o seu “estabelecimento”. Só lamenta mesmo o facto de a Queima “estar a acabar”.