A programação do dia pode consistir num concerto de música erudita ou num DJ set de Drum & Bass, mas uma coisa é constante: durante as horas da tarde, e quando o tempo assim o permite, o espaço que circunda a Casa da Música está recheado de jovens adeptos do skate, numa luta infindável para melhorar as suas capacidades.

A Casa da Música serve como fundo para o skate por diversas razões: “é lisinho, tem inclinações para o pessoal” diz Fernando Barbosa, jovem de 17 anos e skater há dois. “Tem muito espaço, seca rápido e tem rampas”, complementa Jorge Francisco, que tem treze anos e anda no skate há um.

São jovens, na sua grande maioria mesmo adolescentes. De certa forma, trata-se de uma comunidade. “Os amigos estão cá todos”, explica Jorge. Por entre os movimentos, estabelecem-se diálogos e trocam-se novidades: no dia em que o JPN por lá passou, o assunto mais discutido era a aparição de alguns dos skaters num teledisco de Hip-Hop português.

Ainda assim, Jorge abdica de alguns momentos livres para contar da sua experiência: “Comecei com um amigo num condomínio, tínhamos vergonha de ir para aqui porque ainda não andávamos nada, e ter aqui o pessoal todo a olhar para nós…” Depois de alguns meses de treino, no entanto, deram o passo e “as pessoas cá começaram a ajudar, a dizer como é o skate. É aqui que conseguimos evoluir.”

Os níveis de experiência variam, e todos sabem quem é quem. “Fala aí nigga que tu é que sabes fazer skate”, grita um coro das pessoas a um rapaz negro, perante a abordagem do JPN. O visado, no entanto, parece demasiado interessado no seu exercício para conversar. A música, essa, é dada há quatro anos, mesmo ali ao lado.