Artur Soares Dias ainda não tinha apitado para o final da partida no Dragão e já se faziam ouvir as primeiras – mas tímidas – buzinadelas, com carros equipados a rigor a desfilarem no centro da cidade do Porto.
Cedo se compôs a Avenida dos Aliados, com adeptos provenientes do Dragão e que chegavam de metro, outros que tinham assistido ao consagrar do «tetra» em cafés ou no recato das suas casas, trazendo o essencial para a festa – os cachecóis e as bandeiras – ou algo mais.
A Praça da Liberdade, ao fundo da Avenida dos Aliados, foi o ponto de maior concentração. Lá se apresentavam, orgulhosos de mais um feito da sua equipa, os simpatizantes dos «dragões».
A noite de mais um «tetra»
Pequenos e graúdos, várias gerações de portistas quiseram festejar em grande a conquista do quarto campeonato consecutivo. Luís e João Magalhães, pai e filho respectivamente, seguravam um cachecol, cada qual com sua ponta agarrada, na celebração do “primeiro «tetra»” do pequeno João.
O jovem adepto, mais acanhado, não quis destacar nenhuma figura que ajudasse a sintetizar mais uma época de sucesso da turma de Jesualdo Ferreira, preferindo realçar que “todos são bons”.
Já Florentino Ventura destoou das tradicionais vestimentas em altura de celebração de títulos desportivos: o seu perfil incluía um fato azul-e-branco, adornado com o símbolo do clube do seu coração, uma peruca também ela azul e um par de óculos desproporcionais face ao rosto.
“Este fato foi estreado em 2004, quando vencemos a Liga dos Campeões em Gelsenkirchen e desde esse ano que o visto sempre que o FC Porto é campeão”, disse Florentino Ventura ao JPN, não deixando de frisar que essa festa “é sempre nos Aliados”. Nomes a destacar? “Defendo o FC Porto e não nomes individuais”, atira.
Aliados entupidos em hora de ponta
Automóveis crivados de enfeites originais pararam o trânsito por completo na Baixa portuense. Eram às centenas, todos eles tinham as buzinas afinadas para não deixar dormir o centro do Porto numa noite de festa e de bandeiras desfraldadas. Os passageiros (alguns deles acompanhados de garrafas de champanhe e vinho) entoavam, bem mais do que a plateia que assistia ao espectáculo in loco dos passeios, os cânticos mais conhecidos.
“Campeões, allez!”, cantavam a plenos pulmões uns, “Pinto da Costa, olé!”, relembravam outros, surpreendendo até os turistas que passavam pelos Aliados numa noite que julgavam ser somente mais uma num domingo de céu cinzento na cidade do Porto.
O tabu da continuidade de Jesualdo Ferreira, o primeiro treinador português tri-campeão, na próxima temporada, não perturbava as mentes que só queriam aproveitar o momento. Mas António da Conceição ainda teve tempo para reforçar a “confiança” no técnico e de concordar com a sua continuidade à frente dos destinos portistas na época 2009/2010.
“Acho que ele deve continuar, sim, porque fez um bom trabalho”, referiu, protegido, em antecipação, por um guarda-chuva. A água começaria a cair pouco depois das 23 horas, desmobilizando alguns adeptos. Ficaram os resistentes que ainda festejaram, por mais algum tempo, outro «tetra» para os lados do Dragão.