Arranca, esta quarta-feira, a 62ª edição do Festival de Cinema de Cannes. Entre os muitos realizadores convidados estão cinco representantes portugueses.

Do quinteto de realizadores, dois vão ser julgados em competição: João Pedro Rodrigues vai concorrer na categoria “Un Certain Regard” (uma competição para projectos “originais e diferentes”) com “Morrer Como Um Homem”, e João Salaviza, cuja curta “Arena” vai competir na secção de curtas-metragens do festival. Fora de competição, a Semana dos Realizadores traz novos filmes de Pedro Costa (“Ne Change Rien”) e João Nicolau (a curta “Canção de Amor e Saúde”.)

Finalmente, “Territórios”, de Mónica Baptista, e um novo projecto de Hugo Vieira da Silva (realizador de “Body Rice”) vão a Cannes para encontrar financiamento: o primeiro integra a plataforma “Producers On The Move”, enquanto o segundo estará disponível no Atelier Cinéfondation. “Territórios” será também exposto na Semana da Crítica.

“Arena”, a curta que compete em Cannes

Contactado pelo JPN, João Salaviza resumiu as ambições que nutre para a sua curta “Arena” em Cannes: “Principalmente quero que o filme seja visto e discutido”. Apesar de se dizer “muito feliz” pela inclusão da curta, o realizador nota que os festivais “têm um poder perverso de legitimar (ou ignorar) os filmes que lhes interessam” e remata que “Arena” “não é um filme melhor por ter ido a Cannes”.

“Arena” é uma curta-metragem sobre um rapaz em prisão domiciliária. Ideia base de um proejcto onde o jovem quis explorar o “poder extraordinário do cinema: filmar o tempo das coisas através de gestos muito concretos, que interessavam captar”. Quanto às suas influencias, Salaviza afirma gostar de “realizadores que evitam a moral nos seus filmes”, tais como “Michaelangelo Antonioni e Abbas Kiarostami”.

Fazendo a comparação com o cinema espanhol, em destaque na edição deste ano de Cannes, o realizador de “Arena” nota que, enquanto no país vizinho se produzem “mais de 200 curtas por ano”, em Portugal “fazemos anualmente entre 10 a 15 curtas-metragens”. Segundo Salaviza, o problema passa pelo meio estar “muito centralizado” no Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA), enquanto que na Espanha o financiamento vem também de “autarquias,de fundações, de Mecenas”.

Salaviza destaca a importância da curta metragem como meio de projecção de jovens realizadores. “Em Portugal, se fazemos um filme aos 40 anos, ainda entramos na categoria de ‘jovem realizador’, isto porque normalmente a primeira longa é feita com essa idade”, aponta.

Atracções internacionais

Sendo Cannes um dos festivais mais conceituados a nível mundial, pouco espanta que também esta edição conte com várias estreias de alto perfil. Em 2009, o filme mais esperar será provavelmente “Inglorios Basterds”, o novo filme de guerra realizado por Quentin Tarantino, com participação de Brad Pitt, Samuel L. Jackson e Maggie Cheung, entre outros.

Outro filme que vem reunindo expectativas é “The Imaginarium Of Doctor Parnassus”, a nova obra de Terry Gilliam, ex-membro dos Monty Python e realizador de obras como “Brazil” e “12 Monkeys”. O filme apresenta Heath Ledger, que morreu durante as filmagens, sendo por isso as cenas restantes filmadas com Johnny Depp, Collin Farrell e Jude Law a interpretar facetas da personagem de Ledger. O filme conta também com a presença de Tom Waits.

A presença do cinema europeu será forte, com novos filmes de nomes tão conceituados como Pedro Almodovar (“Broken Embraces”), Ken Loach (“Looking For Eric”), Lars von Trier (“Antichrist”), Michael Hanecke (“The White Ribbon”) e Alain Resnais (“Les Herbes Folles”).

No cinema asiático, o destaque vai para novas obras do coreano Park Chan-wook (realizador de “Old Boy”), com o filme de vampiros “Thirst”; do veterano tailandês Tsai Ming-liang, com “Face”; e de Johnnie To, cujo novo filme, “Revenge”, é uma co-produção entre Hong Kong e França, com o papel principal a cargo de Johnny Hallyday.

A 62ª edição do Festival de Cinema de Cannes termina a 24 de Maio.