Até ao final do ano, o Observatório Astronómico da Universidade do Porto (UP) pode estar, novamente, em funcionamento. O equipamento, montado em 1957, no Monte da Virgem, em Vila Nova de Gaia, por iniciativa do professor Manuel Barros, está a ser reabilitado.
O Círculo Meridiano do Observatório Astronómico da UP possui uma cúpula móvel que se abre para permitir a observação de estrelas, usando lunetas montadas no seu interior. Foi utilizado até ao final da década de 70, mas acabou por ficar obsoleto com os avanços científicos na área da Astronomia
A recuperação está a ser feita por uma equipa do Departamento de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial da Faculdade de Engenharia da UP sob a orientação do docente Fernando Oliveira. Os trabalhos concentram-se na recuperação da cúpula móvel.
“O que acontece é que a cúpula deveria abrir e fechar quando se pretendia, [mas] deixou de funcionar porque esteve imobilizada alguns anos. A minha parte de colaboração consistiu única e simplesmente em tentar pôr essa cúpula a funcionar. É isso que estamos a fazer e está praticamente concluído”, afirma o professor da FEUP.
Luísa Bastos, directora do Observatório, afirma que a vontade de reabilitar o equipamento já é antiga. “A razão de ser agora corresponde a uma oportunidade e também ao facto de ser o Ano Internacional da Astronomia, o que arrasta alguma sensibilização para a recuperação do património ligado à investigação da astronomia”, afirma.
Para fomentar a divulgação científica do Observatório, a direcção estabeleceu um protocolo com a empresa municipal Gaianima. Para isso, a partir do próximo ano lectivo, está previsto que se realizem “visitas de estudo regulares” à instituição. “Todas as semanas viriam aqui alunos das escolas do concelho de Gaia”, afirma a directora.
“As instituições vivem um bocadinho da sua história”
Fernando Oliveira destaca a importância da recuperação do equipamento: “As instituições vivem um bocadinho da sua história e não podem e não devem esquecê-la. Este equipamento, pela sua originalidade, é um projecto único no mundo.”
Apesar dos custos das obras de recuperação, Fernando Oliveira acredita que vale a pena o investimento. “É um produto que pode ajudar muita gente a perceber melhor algumas questões ligadas à Astronomia e a todas as técnicas implícitas no estudo. Não se pode dar ao luxo de desbaratar este património”, afirma.
O docente apela a que se “tire partido” do equipamento através de “demonstrações para gente jovem, para mostrar às gerações mais novas como se chegou ao estado do estudo da Astronomia de hoje”. Assim, “os custos são retribuídos com o conhecimento que é dado às gerações mais novas.”