Os estudantes do Porto querem que a STCP reforce as medidas de segurança a bordo dos autocarros da empresa. Fresco na memória dos jovens está ainda o episódio ocorrido na último dia da Queima das Fitas, em que cinco indivíduos – supostamente moradores do Bairro do Lagarteiro – espalharam o pânico num autocarro repleto de estudantes, que regressavam do Queimódromo com destino ao centro da cidade.

“Este ano houve muitos episódios de violência generalizados. Este que ocorreu no autocarro não é isolado. Acho que há motivos para preocupação e que esta é uma nova realidade”, explica ao JPN, Joana Magalhães, aluna do 4ºano de Direito na Universidade do Porto (UP).

A opinião é corroborada por Patricia Barbosa, estudante do 2º ano do Curso de Ciências da Comunicação da UP, para quem “o episódio da Queima é vergonhoso” e a “prova e que devia haver mais controlo e mais protecção nos autocarros”.

Já Rosário Costa, estudante do mesmo curso, encara a situação como “um alerta. Deviam aumentar o número de autocarros, e assim evitavam-se os autocarros cheios”, refere a jovem, que não esconde a preferência pelo metro durante a semana académica, mas não só: “Devia haver um segurança nos autocarros à noite. É que tenho medo. Sou só eu e o motorista. Isso assusta-me um bocado”, confessa.

No caso específico da Queima das Fitas, os estudantes repartem as responsabilidades da protecção dos estudantes pela STCP, mas também por outras entidades como a Metro do Porto e a Federação Académica do Porto (FAP). “Também deveria surgir uma maior colaboração com a polícia”, aponta Joana Magalhães.

Um “episódio esporádico”

Contactada pelo JPN, a STCP faz saber que “episódios de insegurança, como o que ocorreu do último sábado [ver caixa], são felizmente esporádicos nos registos de ocorrências do centro operacional”, explicou João Aires de Sousa, do Gabinete de Comunicação e Relações Institucionais da empresa transportadora..

Regresso conturbado do Queimódromo

Segundo o “Correio da Manhã”, o episódio do passado sábado teve lugar já de madrugada, depois do fim dos concertos. Tudo terá começado na Avenida da Boavista quando cinco indivíduos, sentados no fundo do autocarro, apalparam algumas raparigas, que se queixaram ao motorista. Pouco tempo depois, o grupo começou a agredir e a roubar vários estudantes, sob a ameaça de pistola e – segundo a STCP – “sem que o motorista se apercebesse do risco de insegurança” devido à “lotação do autocarro”. A situação agravou-se quando alguns passageiros pediram ao motorista que parasse a viatura, ao passo que outros pediam que se dirigisse à esquadra. Dois jovens acabaram por sair do autocarro, mas foram perseguidos pelos agressores. Uma estudante acabou por ser apanhada e espancada, ao mesmo tempo que o autocarro se dirigia à esquadra da PSP na Foz, onde o caso foi participado.

O responsável destaca que “a segurança assume um carácter prioritário” na gestão da STCP. “No processo de admissão dos motoristas, todos eles são sujeitos a um processo de formação cujos conteúdos abrangem modos comportamentais a adoptar em situações de potencial risco para os passageiros”, ilustra João Aires, que elogia a “actuação não agressiva do motorista” no passado sábado, a qual terá permitido “não agravar actos potenciais de violência”.

Outra das medidas implementadas “foi a colocação em todos os nossos autocarros de câmaras de videovigilância que permitem a captação de imagens dentro dos autocarros, disponibilizadas às Autoridades de Segurança, sempre que solicitadas, e que constituem um elemento crucial na investigação criminal, como neste caso”, acrescenta.

A empresa refuta, por isso, as críticas dos estudantes face a uma eventual falta de comunicação com as autoridades policiais. “A STCP e a PSP/GNR/PJ mantêm uma estreita relação de cooperação que visa a adopção das medidas de segurança que melhor correspondem a uma resposta assertiva às situações com que nos vamos deparando”, realça João Aires de Sousa.