Sofás, carpetes e candeeiros em plena Avenida da Boavista. Hortas urbanas nos descampados de Salgueiros. Pintar o chão das ruas do pólo da Asprela ou cobrir a Rua de Santa Catarina à imagem das galerias comerciais de Milão.

O workshop “Lugares Efémeros” do projecto “Inner City” já terminou e as propostas de intervenção para seis locais do Porto não se fizeram esperar.

O projecto mais “crítico” e de maior destaque é o da Avenida da Boavista, onde o grupo propõe recriar um “ambiente quotidiano familiar, através da colocação de elementos característicos das casas”. Colocar sofás, candeeiros e carpetes ao longo do separador central é a proposta. Tudo para “que as pessoas, ao saíram à rua, se sintam em casa”, esclarece Pedro Bragança, o líder da iniciativa.

Um dos outros locais de maior intervenção é a Rua de Santa Catarina, considerada um lugar de “hiper identidade da cidade do Porto”, encarada como o “ex-líbris do comércio portuense”. A ideia é cobrir a rua com o objectivo de “evocar as galerias de Milão”. “Uma cobertura muito metafórica e poética”, assegura Pedro Bragança.

Em contraponto, o pólo da Asprela apresenta-se, actualmente, como um negativo daquilo que deve ser o espaço público. É um local que “tem uma circulação diária enorme”, mas que, por exemplo, não tem passeios. De forma a “dar mais identidade ao local”, o grupo propõe “fazer pinturas no chão” e “colocar bancos para as pessoas se sentarem”.

“Reformas” para levantar questões

Para a marginal ribeirinha (Av. Paiva Couceiro e Av. Gustavo Eiffel) a intenção é criar “praças que permitam a paragem das pessoas que todos os dias ali passam quando vêm para o centro da cidade”.

O eixo Ponte D. Luís I, Avenida dos Aliados e Trindade também poderia sofrer uma reformulação. “Pegando na ideia da clarabóia das casas tradicionais do séc. XVII”, o grupo propõe ampliar os espaços, criando “recintos” que não alterem a “estrutura” dos locais, ao contrário do que hoje acontece, com a colocação de elementos como “pistas de gelo e palcos”.

Para Salgueiros foi idealizado um “projecto futurista e bastante inovador inspirado em projectos já existentes em Paris e Amesterdão”. Consiste na “criação de pequenas hortas urbanas” transformando os locais em “espaços totalmente cultivados por cidadãos da cidade do Porto”. “Pretende-se trazer um pouco do espírito da aldeia para um ambiente citadino”, justifica Pedro Bragança.

Com estas “reformas”, o projecto “Inner City” pretende levantar questões sobre a “maneira como as pessoas se relacionam com a cidade”, esclarece Pedro Bragança.