“Aquilo a que vulgarmente se chama de Teoria da Evolução de Charles Darwin não é uma teoria.” A provocação é lançada por António Amorim, professor catedrático da Faculdade de Ciências da UP e vice-presidente do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (IPATIMUP), que orientou a discussão “Genética, reproduções e evoluções”, esta quarta-feira, na Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto (FFUP).
António Amorim acredita que o processo de evolução proposto por Darwin não explica a origem e o aparecimento de novas espécies. “O que Darwin dizia é que as espécies se iam aprimorando”, diz o professor. “Ou seja, há uma só espécie no início e depois um grupo adapta-se à sombra, outro adapta-se à luz.” O “falhanço” desta ideia é, segundo António Amorim, o facto de o seu autor “julgar que as características genéticas se misturam com as características físicas”.
Mês da Bioquímica da FFUP
A palestra de António Amorim insere-se no “Mês da Bioquímica da FFUP”, iniciativa que ocorre pelo terceiro ano consecutivo. Além do vice-presidente do IPATIMUP, a Faculdade de Farmácia recebeu também o professor Bruno Sarmento, com o tema “Nanotecnologia aplicada aos biofármacos” e Perpétua Pinto Ó, investigadora do Instituto Nacional de Engenharia Biomédica (INEB), responsável pelo tema “Células estaminais e regeneração.” Natércia Teixeira, do Serviço de Bioquímica, faz um balanço positivo da iniciativa. “O anfiteatro tem tido cerca de 80 pessoas. Tentamos escolher sempre temas actuais que têm interesse para os nossos estudantes.”
O vice-presidente do IPATIMUP invalida a perspectiva de Darwin por considerar que, no fundo, a evolução defendida por este cientista implica um fenómeno que não é selectivo: o isolamento reprodutor. Esta foi a tese apresentada na Faculdade de Farmácia pelo professor que lançou o livro “A Espécie das Origens” (2002), em oposição à conhecida obra “A Origem das Espécies” (1859) de Charles Darwin.
Após a intervenção de António Amorim, a discussão foi aberta à audiência. “Para mim é um bocado arrepiante a ideia de estar a basear toda a evolução em acidentes genéticos que dão origem a indivíduos que passam a reproduzir-se”, confessou um dos participantes.
Recorrendo constantemente a metáforas para facilitar a explicação, António Amorim respondeu: “Antigamente os filhos chegavam a uma determinada idade e saíam de casa. Na evolução também é um bocado assim. As espécies existem e periodicamente há uns ensaios e há, de facto, uma selecção purgativa, não uma selecção de aperfeiçoamento.”