O ministro das Finanças admitiu, na passada sexta-feira, no Porto, que temeu que o país “chegasse ao abismo” devido à crise económica e financeira mundial. Teixeira dos Santos recordou a falência do banco norte-americano Lehman Brothers, episódio gerador de um fluxo de informação excessivo que terá ajudado a desencadear uma “crise inigualável pelo seu carácter sincrónico”.
Durante uma aula inserida nas comemorações do décimo aniversário do Programa de Doutoramento em Economia da Faculdade de Economia da Universidade do Porto (FEP, o economista advertiu que, antes de se tentar resolver qualquer crise, é importante “não esquecer as razões pelas quais se entrou nela”. Razões essas que Teixeira dos Santos liga às “limitações na Supervisão e Regulação Financeira” e à manutenção das baixas taxas de juro.
Das causas às consequências, o ministro terminou a aula lembrando que se deve “preparar a saída da crise “sem esquecer como entrámos nela”. O governante teme, porém, que quando houver um desanuviamento financeiro “se esqueçam as debilidades que causaram a crise”. “Prudência” é, por isso, a palavra de ordem no combate à crise, de acordo com Teixeira dos Santos.
Para já, o governante acredita que as pessoas “podem ver os seus investimentos seguros, já que os estados membros da União Europeia se comprometeram a cobrir os fundos de garantia de depósito, e os bancos podem ter acesso a capitais públicos, quando necessário”. Para Teixeira dos Santos, as medidas aplicadas pelo Banco Central Europeu (BCE) trouxeram “efeitos positivos imediatamente visíveis”, traduzíveis na descida dos spreads e da Taxa Euribor.
Dez anos de “referência nacional nas ciências económicas e empresariais”
Ainda a aula do Ministro não tinha começado, e já o nome do ministro soava nos corredores da FEP. António Brandão, professor na FEP disse ao JPN que o ministro “é uma das pessoas mais importantes na compreensão da crise e na tomada de soluções para este problema”.
Sobre os dez anos do Programa de Doutoramento em Economia José Costa, director da FEP, realçou que o curso é hoje uma “referência nacional nas ciências económicas e empresariais. Na ocasião, foi uma decisão estratégica de grande alcance”, acrescenta, uma vez que “há dez anos, o conceito de Doutoramento com uma parte escolar era uma novidade”.
António Brandão, um dos fundadores do programa, considera que o projecto prima pelo “nível elevado da formação” e pela “qualidade da docência”. O professor acredita que “no futuro, os temas das teses passarão certamente pela crise económica”.
O objectivo do programa, que formou cerca de 20 doutores em 10 anos, passa agora pela internacionalização, com o recurso a professores estrangeiros, numa tentativa de atrair estudantes dos quatro cantos do Mundo.