Estar “na crista da onda”, adaptar linguagens “a todas as idades”, ir “ao encontro” dos jovens, fazer com que as pessoas sintam que o museu também lhes pertences. No Dia Internacional dos Museus, o JPN esteve à conversa com os profissionais do sector para compreender qual o papel que as instituições devem ter nos dias de hoje.
“É necessário falar uma nova linguagem, não só para os jovens, mas para o público em geral porque os museus têm de estar na crista da onda, têm de estar a par das novas linguagens de todas as idades”. O conselho é dado por Adriana Almeida, do serviço educativo do Museu dos Transportes e Comunicações.
Para a responsável, a relação entre os jovens e os museus fica “mais estreita a cada dia que passa”. Não só porque os museus estão a programar actividades dedicadas a essas faixas etárias, mas também porque “há jovens interessados em visitar museus, por descobrirem o que é que cada um tem para fazer”.
Pela experiência de Maria Amélia Miranda como presidente do Museu do Papel Moeda – Fundação Dr. António Cupertino de Miranda, “todos os jovens têm uma relação muito viva, muito dinâmica, muito interactiva e muito gratificante com o museu”.
Até porque, salienta, os museus concedem um alargamento de horizontes “que a escola não confere”, um elemento “fundamental” para que os jovens “ganhem todas as competências que mais tarde serão importantíssimas para entrar no mundo do trabalho”, garante Maria Amélia Miranda.
De acordo com a presidente, no Museu do Papel Moeda já se aplica uma nova linguagem: “Vai de encontro ao interesse das pessoas. Compete aos museus fazer um trabalho de investigação e propor acções que vão de encontro aos interesses dos jovens.”
Portugal e o Porto têm um “enorme potencial museológico que vale a pena valorizar”, assegura. “Acho que vale a pena haver uma redefinição das agendas dos museus em função das agendas sociais e é necessário haver uma divulgação muito nova, muito diferente”, afirma Maria Amélia Miranda.
“Que todos os dias sejam o Dia do Museu”
Os museus universitários portugueses “têm o privilégio de ter um património muito valioso, principalmente a nível natural, mas também artístico, de grandes coleccionadores que, nos finais do século XIX, juntaram colecções fabulosas”. A opinião é dada por Alexandre Lourenço, técnico superior da reitoria da Universidade do Porto (UP).
“Herdámos um grande espólio dos naturalistas”, assevera.
O técnico acredita que “tocar é cada vez mais importante” e essa é uma forma de cativar pessoas. “As pessoas têm de sentir que o museu também é delas e que podem mexer [nas peças] sem sentirem que é tudo um património, que só se pode olhar, que não se pode sentir ou tocar”, afirma Alexandre Lourenço.
O técnico acredita que “os museus precisam de arranjar outras linguagens e outros meios de chamar os jovens” e espera que, um dia, não seja necessário haver um Dia Internacional dos Museus, “mas que todos os dias seja o Dia do Museu”.
Dia Internacional dos Museus
Para Adriana Almeida, este dia é “mais uma oportunidade para os museus se fazerem notar, para comunicarem para o exterior”. “É um dia muito importante, mas no resto do ano temos de continuar esta comunicação com a comunidade mais próxima e mesmo com a Europa e o resto do Mundo”, conclui.
Uma data que deve “dar visibilidade àquilo que é muito importante para as pessoas”, considera Maria Amélia Miranda. Afinal, um ano tem “365 dias” e, já que “existem dias para todas as coisas, é bom que também exista um para divulgar os museus”.