No largo S.Domingos, no Porto, está prometido, há muito um novo ponto de encontro de talentos e artistas, promovido pela Fundação da Juventude. Mas descobertas arqueológicas e problemas com térmitas, atrasaram o projecto do Palácio das Artes, que deveria estar concluído em Outubro de 2008.

A reestruturação do projecto obrigou à paragem das obras, mas a directora da Fundação da Juventude diz-se convicta de que “as obras retomarão em breve”. Por isso mesmo, Maria Geraldes acredita que “se tudo correr bem o Palácio das Artes poderá abrir no Verão”.

A responsável garantiu ainda ao JPN que o financiamento do projecto não está em causa. “Não somos suicidas. A partir do momento que surgiram tantos contratempos, pedimos e tivemos autorização para adiar o prazo”, remata.

Um edifício com história

O Edifício Douro é o que resta do Mosteiro de S. Domingos, fundado em 1238, o mais antigo edifício do Porto. A futura “fábrica de talentos” do Porto albergou nas suas paredes a delegação portuense do Banco de Portugal, foi a primeira contrastaria da cidade do Porto e pólo de encontro de mercadores (principalmente venezianos, florentinos e napolitanos), que expunham os seus preciosos produtos. Depois de um incêndio em 1832, deu lugar ao Banco de Portugal e mais tarde, à extinta Companhia de Seguros Douro.

Numa altura em que grande parte dos trabalhos está concluído, a concessão da loja e do restaurante ao arquitecto Paulo Lobo e ao chefe Rui Paula impõem uma nova reformulação dos desenhos do Palácio por parte dos arquitectos Paulo Henriques e Alfredo Ascenção.

Projecto “amaldiçoado”

Apesar de as obras já terem arrancado em finais de 2007, as sucessivas “surpresas” obrigaram a várias mexidas dos desenhos do Palácio das Artes. A equipa de arqueólogos demorou “três meses enquanto estava previsto um mês” na sua intervenção, tal foi a quantidade de descobertas: um cemitério com diversas ossadas, as arcadas laterais do Convento de S. Domingos e os cofres do Banco de Portugal.

Pior foi o ataque de térmitas à cobertura do edifício. “Estavam alojadas há muitos anos no edifício. Não conseguimos resolver o problema com produtos químicos e tivemos de substituir parte da cobertura de madeira”, acrescenta Maria Geraldes.

Aquele que promete ser “um centro de criatividade e da excelência nacional e internacional” prevê agora abrir as portas já no próximo Verão. No Palácio das Artes, haverá espaço para áreas como o cinema, arquitectura, pintura, literatura, artes performativas, design, publicidade, novas tecnologias, entre outras.