Do passado ao presente, a história da Guiné-Bissau foi desvendada nos seus vários aspectos, esta terça-feira, por dois especialistas, numa entrevista aberta realizada no Curso de Ciências da Comunicação da Universidade do Porto.

“Ter muitas etnias não é um problema da Guiné”, começou por referir Philip Havik, especialista em estudos guineenses, sobre os conflitos que marcam a história do país Guiné e os efeitos da sua colonização.

Paula Pinto, mestranda em Estudos Africanos, foi a outra participante numa discussão que teve o modelo económico da Guiné como primeiro tema em destaque. “Seja qual for o modelo a ser implementado, a implementação cabe aos guineenses”, manifestou

A decisão sobre o destino da Guiné “cabe aos guineenses”, como indica a especialista. Paula Pinto criticou “a imposição de programas de desenvolvimento por parte das organizações não-governamentais”, sendo que estas deverão somente “responder às solicitações dos africanos”.

A especialista não deixou de mencionar outros problemas da Guiné, como “a falta de apoio ao empreendedorismo”, que pode ser “um meio de sobrevivência”, bem como a “necessidade de partilha entre as famílias e o tipo de sociedade que afecta o crescimento económico da região”.

Condições precárias na saúde

Turismo, alimentação, recursos naturais, cuidados de saúde e meios de comunicação existentes foram outros dos temas discutidos acerca da Guiné-Bissau. “Na área da saúde, as condições são precárias”, explica Paula Pinto. “Existe uma grande rede de curadores. O hospital é o último recurso”, completou Philip Havik, o docente do Instituto de Investigação Científica Tropical.

“As relações entre cabo verde e Guiné terão futuro?” A esta pergunta, Paula Pinto esclarece que existe, na sua opinião, um “complexo de inferioridade dos guineenses em relação aos cabo-verdianos”. Já Phipip Havik não esconde que Cabo Verde, com o seu desenvolvimento, pode vir a beneficiar a Guiné.

Do ensino à cidadania, passando pelos meios de comunicação existentes, a conversa moderada por Jorge Marinho, docente do Curso de Ciências da Comunicação e por Cristiana Afonso, finalista do mesmo curso, durou cerca de duas horas e revelou o que se passou e que se passa no país africano.