“O que se começa a notar de alguns anos a esta parte é que quem comete os excessos muitas vezes nem são os estudantes universitários, são os estudantes do secundário que vão para a Queima ao fim-de-semana.” O alerta é dado por Luís Viseu que trabalha como voluntário da Cruz Vermelha na Queima das Fitas de Coimbra há alguns anos. “Mesmo em termos de consumo de droga” os mais novos são apontados por Luís Viseu como os que mais se destacam nas noites académicas.

Apesar do aviso, o voluntário afirma que na edição deste ano da Queima de Coimbra, “o ambiente até esteve mais calmo.” “Estamos a falar de milhares de pessoas ali dentro e nós tivemos uma média de 20 ocorrências por noite. Houve cerca de quatro ou cinco evacuações para o hospital por noite, umas por alcoolismo agudo e outras causadas por agressões, mas nada de muito significativo”, acrescenta.

44 ocorrências na Queima do Porto

A Federação Académica do Porto (FAP) montou também um dispositivo de segurança durante as noites da festa estudantil. “Chegou a falar-se em várias centenas de pessoas atendidas por noite, mas a verdade é que os números estão longe disso. Passaram algumas dezenas, mas muitos dos casos nem estão ligados a álcool”, revela Filipe Almeida, presidente da FAP. De acordo com o INEM, “o Centro de Orientação de Doentes de Urgência registou 44 accionamentos por situações de intoxicação alcoólica, isto para além do dispositivo que estava no recinto.”

Luís Viseu defende, assim, que a ideia negativa com que a Queima das Fitas é, por vezes, encarada “não tem qualquer fundamento.” “Em todo o lado há excessos, mas não podemos ampliá-los. No meio de milhares de pessoas que vão à Queima todas os dias, se tratarmos vinte pessoas por noite não é grave”, declara o voluntário.

Associação Saúde em Português testa estudantes de Coimbra

Da mesma opinião é Hernâni Caniço, presidente da Associação Saúde em Português (ASP) que elaborou o estudo sobre os hábitos dos estudantes durante os nove dias da Queima de Coimbra. “Normalmente a imagem que as pessoas têm dos estudantes de Coimbra é de que são alcoólicos”, afirma Hernâni Caniço ao JPN.

No entanto, “dos 1108 estudantes que voluntariamente integraram o estudo, 49% mostrou baixa dependência do álcool, 44% demonstrou excesso de consumo e só 7% dependência”, esclarece.

Neste estudo, concretizado através de testes de alcoolemia e glicemia e da realização de inquéritos, concluiu-se também que “75% dos jovens não conduz depois de beber” e que “60% dos estudantes não fuma.” “A ideia transmitida sobre os alunos de Coimbra não é verdadeira”, remata o médico.