Pedro Passos Coelho não acredita que a maioria das medidas anti-crise implementadas pelo Governo ajudem Portugal a ultrapassar a crise financeira a curto prazo. O político do PSD mostra-se pessimista sobre os “os próximos anos”, período em que, diz, “não haverá capacidade para absorver mão-de-obra, deixando os recém-licenciados numa situação ainda mais comprometedora”.

Convidado da última sessão do ciclo de conferências sobre estratégias anti-crise, promovido pela Faculdade de Economia da Universidade do Porto (FEP), Passos Coelho afirmou que “os responsáveis institucionais, como por exemplo, o Ministro da Economia, têm de ter um discurso sempre mais optimista”. Contudo, avisa que “é muito cedo para termos um optimismo assim tão grande”.

Para o homem que desafiou Manuela Ferreira Leite nas últimas eleições directas do PSD, a crise já remonta ao ano 2000, data em que Portugal aderiu ao euro e iniciou um “esforço” para se ajustar ao nível económico dos outros países da União Europeia. “Mas isso paga-se com uma factura” e “se continuarmos como devedores dentro de dois ou três anos não haverá maneira de obter financiamento”, refere Passos Coelho.

Sobre as prioridades a ter em conta no presente, o dirigente social-democrata apontou para o problema da dívida do Estado: “Não podemos gastar mais do que aquilo que ganhamos em riqueza”.

“O Estado não precisa de ter dois canais de televisão”

De uma conferência da qual não saiu uma verdadeira solução para a crise, Pedro Passos Coelho não deixou de alertar para a necessidade de se encontrarem “alternativas complementares ao sistema financeiro”. Mas, primeiro, “é preciso que o Estado “defina muito bem quais os bens públicos que têm de ser financiados”, uma vez que “há muitas instituições que podem subsistir sem a ajuda do Estado”, referiu.

O ex-vice-presidente do PSD deu o exemplo dos canais de televisão. “O Estado não precisa de ter dois canais, pode defini-los, mas não precisa de financiá-los”, reforçou.

A “eficiência energética” é outro dos pontos-chave em que Portugal deverá investir para superar a crise, de acordo com Passos Coelho.”Através das energias renováveis diminui-se o consumo de energias, o que acaba por ser melhor para o ambiente, e posteriormente também para a economia”, defende, admitindo, porém, que “o problema é que numa primeira instância é necessário um grande investimento na área”.