Realizar todas as eleições num só dia é a sugestão do empresário portuense, Belmiro de Azevedo, distinguido, esta sexta-feira, com o título Doutor Honoris Causa pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP).
Seria uma forma de não “prolongar excessos de afirmações públicas e perturbar a vida de muitas pessoas”, diz o presidente da Sonae, dando como exemplo o sistema político da Inglaterra, que “muda de governo em 15 dias”.
À margem da cerimónia, que teve lugar na FEUP, o empresário falou aos jornalistas e não poupou críticas. Para Belmiro de Azevedo, os períodos eleitorais são “perigosos” porque se “promete sempre muito e já se sabe que não vai ser cumprido”.
Comentando a actual taxa de desemprego em Portugal, o empresário afirmou que o facto de “estar empregado deve satisfazer praticamente toda a gente neste momento”. “Não há emprego para quem quer passar os fins-de-semana com os pés na água”, alertou.
Em alusão à situação da Autoeuropa, o mais recente Doutor Honoris Causa pela Universidade do Porto (UP) considera que os operários “não podem manter reivindicações quando não há nada para reivindicar”.
Não se vive um “ponto de viragem” na economia
Questionado sobre a situação económica do país, Belmiro de Azevedo confessou não acreditar no “ponto de viragem” referido pelo ministro das Finanças, Teixeira dos Santos. Para o empresário, são afirmações apenas “politicamente correctas”, já que a tutela não pode admitir a existência de uma crise. Em Portugal, salienta o empresário, não há actualmente “nenhuma actividade que se possa dizer que está em retoma”.
O empresário admite que a sua empresa, a Sonae, já sente a redução da procura devido ao retrocesso na construção. Garante, no entanto, nunca ter afirmado que não iria haver despedimentos, até porque “o emprego tem de estar ajustado à actividade económica”, inclusive em casos em que a procura diminui.
Belmiro de Azevedo é a 70.ª figura a receber o grau de Doutor Honoris Causa por parte da UP. A cerimónia, presidida pelo reitor da universidade, José Marques dos Santos, foi iniciada pelo cortejo dos doutores da universidade. Também marcaram presença o padrinho do doutorando, o ex-ministro das Obras Públicas do governo de Durão Barroso, Luís Valente de Oliveira, e o ex-director-geral da COTEC Portugal (Agência Empresarial para a Inovação), Rui Guimarães.
Na presença do filho Paulo de Azevedo e de uma plateia de doutores da UP, Belmiro de Azevedo encerrou a cerimónia, lembrando que, a viver o “Outono” da sua vida, é um “homem realizado”. Agraciado com um forte aplauso, Belmiro fez sorrir a audiência, mas também se emocionou quando chegou a vez de agradecer à família.