Passaram quase três semanas desde a barricada dos clientes do Banco Privado Português (BPP), mas os motivos de protesto continuam a ser os mesmos. Exigem a devolução do seu dinheiro com o “pagamento imediato” dos depósitos, terminando, assim, uma situação que se arrasta “há já quase sete meses”, segundo Maria do Céu Pinto , cliente do BPP.

As principais críticas vão, nesta altura, para o Governo. Maria do Céu explica que ouviu o primeiro-ministro “dizer que este era um caso de polícia e que ia tratar do problema, através da passagem dos depósitos para outro banco e de um plano de pagamento”. No entanto, acrescenta, indignada, que “nada foi feito” e “estão a fazer pouco dos clientes”.

A cliente traça um cenário dramático e afirma que se está a chegar a um estado de “desespero” em que “até podem haver mortes porque as pessoas não têm dinheiro para comer”. Maria do Céu teme que a situação se alastre a casos de “‘miséria envergonhada’: “Tudo por causa de um banco que nos roubou o dinheiro.”

A concentração de clientes teve início, esta segunda-feira, às 14h00, e, de acordo com Maria do Céu, “espera-se que chegue mais gente ao longo da tarde, uma vez que as pessoas ainda estão a trabalhar”. Também ali presente estava um cliente espanhol que, em declarações à comunicação social, disse que esta situação está a dar uma “péssima imagem do sistema bancário português”, comparando o caso do BPP ao Corralito, um episódio em que o governo argentino impediu o levantamento de dinheiro dos bancos.

Carlos do Paulo, advogado representante de clientes do BPP, também ele uma “vítima” da situação, explicou aos jornalistas presentes que os clientes exigem uma resposta “célere e o pagamento imediato” dos depósitos por parte do Governo, criticando a falta de acção do Ministério das Finanças. Os clientes reclamam, ainda, um “igual tratamento” ao que foi aplicado em relação ao Banco Português de Negócios, que foi nacionalizado.